Doria quer toque de recolher no carnaval

Na semana passada, o prefeito mais coxinha do Brasil, João Doria, anunciou que o carnaval de rua de São Paulo, pelo menos nos bairros mais tradicionais da festa, Pinheiro e Vila Madalena, deverá durar apenas até às 19 horas e dispersão das pessoas das ruas às 20 horas.

Se o País não estivesse dominado por uma corja de direitistas reacionários a informação poderia até ser interpretada como um espécie de piada. Obrigar que as pessoas saiam das ruas às 20 horas em pleno carnaval. Apesar do absurdo, a exigência de Doria revela bem o que é a direita, totalmente inimiga do povo e das manifestações populares e culturais.

A questão é muito mais grave do que parece. O que Doria está querendo impor é um toque de recolher, uma política típica de qualquer ditadura.

Sempre em nome da moralidade, que no caso é o barulho e a “baderna” causados pelos blocos de rua, Doria ataca frontalmente o direito fundamental da população de sair na rua. É uma ditadura sem disfarce. Um governo que respeitasse o mínimo os direitos democráticos da população nunca tomaria uma medida como esta. Mas Doria, o prefeito que não gosta do povo e da sua cidade, quer obrigar as pessoas não só a irem para casa, como impedir que a festa mais popular do País aconteça normalmente.

Além da tradicional repulsa que a direita fascista sente pelas manifestações culturais do povo, há outra explicação para tal ameaça. A direita sabe que o carnaval vai se tornar palco de milhares de manifestações políticas contra o golpe, cada vez mais impopular. Doria e seu padrinho Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, querem evitar isso. No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella faz a mesma coisa.

No domingo, dia 14, a PM já mostrou como será a ação contra o povo que ousar desrespeitar tamanha arbitrariedade do toque de recolher. Bombas de gás e balas de borracha foram usadas contra foliões no bairro do Bixiga, inclusive contra idosos, mulheres e crianças. A polícia avisou os organizadores do bloco Minhoqueens que tinham apenas meia hora para esvaziar a rua. Claro que os organizadores do bloco não tinham a menor condição de obedecer tal pedido, afinal, a rua é livre para o povo, deixando claro que tudo não passa de uma provocação da polícia para reprimir as pessoas.

A resposta do povo é ir para cima e não se intimidar diante da tentativa de censura e repressão. Quanto mais a população tomar as ruas, menos força a direita terá.