Doenças tidas como “invisíveis” em frigoríficos, como a brucelose, são recorrente em trabalhadores

A questão das doenças ocupacionais dentro dos frigoríficos, abatedouros, entre outros, como problemas na coluna cervical, nos ombros, joelhos, bem como tendinite, em geral são bastante conhecidas, no entanto e mesmo estas, os patrões procuram ignorar completamente. O Instituto Nacional de Seguridade social (INSS) sempre nega ao trabalhador o direito ao benefício, mas há uma gama de outras doenças que sequer entram em conta, e são amplamente conhecidas pelos patrões e obviamente pelas autoridades em saúde.

Uma delas é a chamada brucelose, que é adquirida através da matéria prima utilizada, nos abatedouros e frigoríficos, ou seja, a carne bovina e suína.
A brucelose humana, por exemplo, já é considerada “endemia emergente” em Rondônia, conforme alerta feito pelo médico Heinz Jacob, do Centro de Referencia em Saúde do Trabalhador (CEREST), porém, este Estado não é um caso isolado, ao contrário, atinge praticamente todos os Estados do País.

A Justiça trabalhista concedeu ao Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), uma liminar que obriga a JBS S/A, dona das marcas Friboi e Seara, a adotar medidas capazes de detectar possíveis casos de contaminação de empregados e ex-empregados por brucelose, uma doença crônica transmitida pelo contato direto com animais doentes ou pela ingestão de leite não pasteurizado e produtos lácteos contaminados. Justificam a concessão da liminar os inúmeros riscos biológicos existentes no ambiente de trabalho dos frigoríficos – exposição dos funcionários a carnes, glândulas, vísceras, sangue e dejetos de animais portadores de doenças infectocontagiosas – e a grande incidência de carcaças bovinas que sugerem a contaminação pela bactéria.

A Brucelose é conhecida também por “mal de Bang”, “febre de malta”, “febre de Gibraltar”, “febre mediterrânea” ou “aborto infeccioso”, ela é uma zoonose bacteriana causada pela Brucella, um cocobacilo encontrado em cabras, ovelhas, camelos (Brucella melitensis) e bovinos (Brucella abortus), em suínos (Brucella suis) e cães (Brucella canis).

Todas as variações podem transmitir a doença ao ser humano, mas a dos bovinos é a que mais os ameaça, segundo dados do relatório.