Um governo refém dos militares

A queda do chefe da Polícia Federal, Fernando Segovia, um braço direito de Michel Temer, e a entrada em seu lugar de Rogério Galloro, homem de confiança do general Sérgio Etchegoyen, chefe do gabinete de Segurança Institucional do governo, escancarou a completa crise do governo federal.

A impopularidade de Michel Temer e o fracasso, fruto dessa fraqueza, da reforma da Previdência são um ponto de virada da crise institucional e marca a entrada em cena dos militares de maneira mais decidida. O melhor exemplo de que os militares decidiram tomar as rédeas da situação é justamente a intervenção militar no Rio de Janeiro e as declarações despudoradas dos generais defendendo carta branca para o Exército agir nas ruas.

Já se pode dizer, sem medo de errar, que o governo Temer é um fantoche nas mãos dos militares. É um governo sem nenhuma base de apoio e que está refém dos militares.

Os que afirmam que as decisões sobre a intervenção no Rio de Janeiro e outros movimentos dos militares são de Temer estão cometendo um grave erro na situação política, que pode ser fatal. A fraqueza de Temer é incontestável. Os militares, por sua vez, agem com cada vez maior independência em relação ao Executivo. A troca do chefe da Polícia Federal é a prova disso.

O governo Temer é um refém dos militares e nesse momento é o general Sérgio Etchegoyen o principal homem do golpe. Os militares caminham para um controle da situação o que pode resultar em um golpe militar aberto ou simplesmente na tomada definitiva do governo por dentro, o que na prática já está acontecendo.

Até mesmo 0 ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que Temer está acuado pelos militares.

É preciso imediatamente uma campanha contra a intervenção no Rio de Janeiro alertando amplamente para a iminência de um golpe militar. A prisão de Lula e a reação popular que ela pode causar também estão na conta dos militares que sabem que do ponto de vista político a direita não tem força para enfrentar uma reação popular. Por isso, para que sejam colocados em prática os planos do imperialismo de retiradas de direitos da população será preciso uma enorme repressão, que só os militares, capachos dos norte-americanos, podem impor.