Temer diz que o povo gostou de ficar sob a bota dos militares de 1964 a 1985

A intervenção militar no Rio de Janeiro, termo usado para amenizar a expressão ditadura militar, denota que o governo golpista de Temer não manda mais nada no Executivo Federal. Para alguém que tinha alguma ilusão, de que Temer se valia da intervenção do Exército para qualquer proveito, esse pensamento vai por água abaixo com as últimas declarações do presidente golpista.

Temer disse, em encontro com empresários da Federação do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (Fecomércio) na capital paulista, que o povo “se regozijou” com a ditadura militar imposta ao Brasil em 1964. Isso, em sua golpista opinião, porque o que “a população queria naquele período era uma centralização de poder”.

Afirma ainda que a tendência da União é historicamente centralizadora. Classifica a federação de estados que formam a unidade federativa de “capenga”. Para continuar o festival de besteiras e dissimulações, de forma cínica, usou o mesmo argumento para justificar a ditadura Vargas de 1930 -1945. Um verdadeiro espetáculo de cinismo e golpismo.

É importante destacar que essa declaração de Temer destrói um argumento central da esquerda pequeno burguesa e capituladora. Muitos deles acreditam que Temer, ao permitir a intervenção militar no Rio de Janeiro, faria isso para tirar alguma vantagem eleitoral em virtude de sua nula popularidade.

É absurdo pensar nesses termos. Na relação de poder ninguém dá poder ao outro para ficar mais popular, pois dar poder ao outro significa de que você está mais fraco, o que na prática, abaixa mais ainda sua popularidade. Na política ainda, a questão muda de figura. Ninguém dá poder para ninguém, os poderes políticos são tomados ou adquiridos na dinâmica a luta de classes.

Temer não deu poder ao Exército. Foi o Exército que tomou o poder de Temer. Sua ineficácia para aprovar a totalidade das medidas de austeridade para o imperialismo no Brasil (destruição da Previdência Social, da CLT, do serviço público e as privatizações), foi que fez o imperialismo norte americano (os verdadeiros comandantes do exército brasileiro) partir para uma política militar e mais agressiva começando por tomar os setores de poder político importantes no Rio de Janeiro.

O golpe de Estado pode ser derrotado apenas pela população mobilizada e nas ruas. Não se pode ter nenhuma confiança nas instituições. Anular o impeachment, impedir a prisão de Lula e derrubar a intervenção militar no rio de Janeiro é tudo o que os golpistas não querem e, por isso, a verdadeira política operária para o atual momento.