Proibição do aborto só serve para reprimir as mulheres

São mais de 200 mulheres que hoje enfrentam processo por conta da prática de aborto em Minas Gerais, para além disso também existem os casos onde mulheres abortam da forma mais clandestina possível, pois as mesmas se encontram em uma posição onde ficam com medo das consequências e da repressão estatal, já que o aborto é crime.

O ponto chave do problema do aborto está no fato de que independentemente de quem esteja contra sua realização ou as leis que criminalizam a mulher por isso, o aborto não deixa de acontecer, ele é um fator real e concreto da opressão da mulher. Por isso, é preciso ter claro que isso é um problema de saúde pública, que diz respeito diretamente à vida da mulher, que com o reforço de medidas repressivas às mulheres tende a sofrer ainda mais nas mãos do Estado, assinalando os piores ataques contra as mulheres sendo elas a maioria da população brasileira.

Um agravante nessa situação é o de que muitas mulheres que fizeram o aborto majoritariamente não recebem apoio de instituições que acolhem mulheres em situação de violência e demais casos, pois ao abrigarem essas mulheres, estariam compactuando com um crime, sendo a prática de aborto ilegal quando não se encaixa nos casos estabelecidos pela lei retrógrada. Essa é uma forma de controlar as mulheres e de aumentar a repressão, uma vez que isso as deixa sem nenhuma alternativa para a qual recorrer.

Um fato que se destaca é de que a proibição do aborto somente serve para reprimir as mulheres, é também um frontal ataque às mulheres mais pobres e sem as condições de realizar o procedimento em segurança como é feito por uma pequena parcela de mulheres, que ainda assim não deixam de sofrer com a repressão aplicada pelo Estado burguês.

E além disso, esse fato atinge incisivamente a mulher negra, ela que representa em maior número a realização desse processo, são as que mais morrem em clínicas clandestinas na tentativa de interromper a gravidez indesejada. Esse é um problema na situação da mulher que só vai se resolver com sua emancipação direta e com a garantia dos direitos mais fundamentais que são necessários para sua vida social e política.