O ruim e o pior: vice da chapa de Bolsonaro será um industrial ou um general

As especulações em torno à escolha do vice que irá compor a chapa do candidato da extrema direita fascista Jair Bolsonaro (PSL-RJ), ganhou destaque nos órgãos da imprensa burguesa esta semana. Bolsonaro e seu raquítico partido (uma típica legenda de aluguel) movimentam-se no sentido da definição do nome que irá, junto com o ex-capitão do Exército, levar adiante – como vem sendo anunciado por sua assessoria econômica – um agressivo programa de privatizações; a entrega das riquezas e do patrimônio nacional, assim como o aprofundamento do ataque às condições de vida da população pobre e explorada do país, iniciado com o golpe de estado em 2016, do qual o candidato direitista foi um dos mais entusiasmados defensores.

Reticentes num primeiro momento em apoiar a candidatura de um arrivista, os representantes do chamado “mercado” (leia-se capitalistas exploradores) já admitem abertamente o apoio ao candidato reacionário e fascista. Foi o que se viu num evento ocorrido recentemente promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a presença dos presidenciáveis. A CNI nada mais é do que um covil de industriais mafiosos golpistas que não só apoiaram como financiaram o impeachment fraudulento contra o governo eleito, pressionando e subornando parlamentares a votarem a favor do golpe contra a presidente Dilma Rousseff.

Na ocasião, Bolsonaro foi o mais ovacionado entre os presidenciáveis que se apresentaram no evento, sendo interrompido várias vezes entre aplausos e palavras de ordem em apoio ao seu programa direitista de governo. À frente da entidade à época do impeachment, Robson Braga Andrade, em entrevista, declarou: “Não estamos preocupados com a direita. Queremos um presidente que tenha consciência da situação do Brasil e que possa colocar o Brasil no rumo do crescimento”, acrescentou. Para ele, “o Brasil precisa discutir outros assuntos e não voltar a temas que foram resolvidos (…)” (Portal 247, 17/07).

Fora do “mercado”, indo em direção à caserna e aos porões da ditadura, especula-se também como um provável nome para estar ao lado de Jair Bolsonaro, o general da reserva Augusto Heleno, notório reacionário direitista, elogiador da ditadura e dos torturadores – assim como Bolsonaro – que ostenta em seu gabinete parlamentar posters dos generais torturadores que ocuparam a presidência da república nos anos de chumbo da ditadura. O general Heleno foi o primeiro comandante das tropas brasileiras no Haiti, permanecendo por quinze meses à frente da missão, oprimindo a população pobre e explorada de um dos países mais miseráveis do planeta. O general direitista declarou estar preparado para a “missão” (de ser o vice de Bolsonaro). “Estou preparado para cumprir a missão, caso ela aconteça, mas não estou pleiteando isso, nem almejando”. Em meio à informações antecipadas pela imprensa, Heleno ainda declarou: “eu ainda não fui informado. Isso está para ser decidido, mas sem prazo. Não sei se as coisas se precipitaram” (Portal 247, 18/07).

Aqui, fica difícil saber o que seria pior, pois tanto um representante do empresariado industrial quanto um nome oriundo dos quartéis e da ditadura, expressam o que há de mais retrogrado, direitista e reacionário na política e na vida social do país. Ambos representam o golpismo, o ataque à economia e à soberania nacional, as privatizações, o ataque às minorias e aos direitos democráticos da população e a perseguição à esquerda.

As candidaturas direitistas somente serão derrotadas se houver uma ampla mobilização operária, popular, estudantil, dos negros, das mulheres, da juventude. As eleições são um terreno fértil para o crescimento e a vitória da direita e seus candidatos, pois são controladas pela burguesia, pela imprensa golpista e por todo o aparato jurídico-policial do Estado.

Os trabalhadores e o conjunto da população pobre e explorada do país deve intervir nas eleições com seu próprio programa e métodos de luta, sem alimentar qualquer ilusão na possibilidade de ver suas reivindicações atendidas pelo regime burguês golpista e seus representantes.