O carnaval mostrou a polarização intensa da política

“O carnaval, começou a refletir numa escala muito grande, uma enorme polarização política.

O desfile no Rio de Janeiro mostrou isso com toda a clareza. Quem viu o desfile dessa escola de samba pôde ver que o desfile foi bastante explícito, bastante contundente contra o golpe. Um fato que fica meio oculto por causa da conspiração da imprensa capitalista. Então, foi uma enorme peça de propaganda política através do carnaval (assim como todo o carnaval dos blocos de rua, mas esses são mais fáceis de disfarçar) que manifestava essa tendência à polarização política.

Se mais agrupamentos não estivessem tanto na defensiva com a pressão da imprensa capitalista e não tivessem o preconceito de que a política não é matéria-prima para uma atividade como o carnaval, nós teríamos muito mais manifestações.

Embora a atividade geral do carnaval das escolas de samba, blocos, etc., com exceções, fosse relativamente despolitizada, a polarização política se expressava através dessas manifestações.

Qual é a importância dessa avaliação? A importância da avaliação é a seguinte: quando você tem uma situação política que se expressa com força e atividades culturais de massa como o carnaval é porque a situação caminha para um nível de explosividade social e política.

O que nós podemos ver e eu acho que a burguesia também interpretou corretamente no carnaval, foi que a situação política brasileira caminha para um ponto de ebulição, o calor da situação caminha para um ponto de ebulição. Essa é a principal conclusão que nós podemos tirar do que nós vimos no carnaval: vimos que a burguesia lançou também a sua peça de propaganda com a escola Beija-Flor, inclusive deram o prêmio para ela, embora muita gente, que não é esquerdista nem nada, falou que isso aí foi uma decisão absurda da comissão julgadora do carnaval. O que foi mesmo. Basta ver as duas escolas desfilando para perceber que o desfile da Beija-Flor foi ultradireitista, não tinha nada de especial para o carnaval, era pura propaganda. Como uma pessoa disse: era muita propaganda, pouco carnaval.

Então, isso mostra a polarização, o enfrentamento entre a direita e a esquerda, entra a burguesia e o povo de modo geral se expressando de um modo geral no carnaval. Com certeza, a burguesia está tirando as conclusões disso daí. O golpe de Estado tente a se transformar em uma crise política sem precedentes no Brasil.

Isso aí diz muito coisa sobre as perspectivas políticas em geral. Por exemplo: se o Lula for preso, o que vai acontecer diante do que vimos no carnaval, onde um monte de gente gritou o nome do Lula, protestou contra o governo etc.? Se ele não puder participar das eleições, o que vai acontecer com as eleições? Se ele puder participar das eleições, como fazer para ele não ser vitorioso e ainda por cima manter um mínimo de autoridade do regime político sobre o povo? Coloca-se uma série de questões que são muito importantes e que se revelaram em uma festa popular onde suspostamente todo mundo teria ido lá simplesmente para se divertir sem maiores consequências, sem maiores compromissos.

A polarização muito grande coloca em xeque todo o desenvolvimento da situação política.”

Esse trecho faz parte da Análise Política da Semana que vai ao ar todos os sábados às 11:30 da manhã pelo canal Causa Operária TV do YouTube. Assista a análise completa aqui: https://www.youtube.com/watch?v=8f4jL. Para o pessoal que mora em São Paulo, pode assistir o programa presencialmente no Centro Cultural Benjamin Perét na Rua Serranos, 90 a cinco quadras do metrô Saúde.

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