O Haiti não é aqui

Em declarações à imprensa, os generais golpistas do Exército, como o general Augusto Heleno e o alto comandante das tropas, o general Villas Boas, deixaram muito bem claro quais são os verdadeiros objetivos da intervenção militar no Rio de Janeiro: estabelecer um verdadeiro genocídio contra o povo com a proteção das instituições do estado, ou seja, sem correr o risco de qualquer retaliação.

Durante entrevista à rádio BandNews, o general Augusto Heleno, que foi responsável pelo comando das tropas brasileiras no Haiti entre 2004 e 2017, afirmou que os militares, os quais estão hoje no Rio, precisam ter “regras de engajamento diferenciadas” para poderem decidir, sem qualquer represália, quem deve ou não morrer.

Sem nenhum constrangimento, o general afirmou: “No Haiti haviam regras de engajamento que permitiam que o sujeito que oferecesse perigo real a sociedade, que fosse o portador ou fosse ator de um ato ou intenção hostil, vejam a flexibilidade que dava a mim  e também ao comandante da cena…”  “…os meus comandantes até nível sargento tinham o poder para decidir se aquilo que estava acontecendo era uma ato ou intenção hostil e diante desta constatação podiam agir chegando até a letalidade, podia matar o indivíduo”.

Para Heleno, portanto, o Exército deve ter total poder de ação e de fogo contra a população, uma completa licença para matar. É necessário registrar que a ocupação do exército brasileiro no Haiti, sob orientação do imperialismo norte-americano, resultou em um regime de terror, violência e perseguição implacável contra todo o povo haitiano. A fala de Heleno, coloca às claras o que foi a ocupação brasileira em território haitiano, uma ação onde os militares tinham total poder para massacrar a população oprimida desse país.

Corroborando a fala de seu colega de farda, o general Villas Boas afirmou que os militares precisam ter liberdade para agir sem que as consequências gerem uma nova Comissão da Verdade, em referência a Comissão criada durante o governo Dilma Rousseff para jugar os crimes cometidos pelos militares durante a ditadura.

Assim, como Heleno, Villas Boas também exige a liberdade para matar, para utilizar todo o fortíssimo aparato repressivo do Estado contra a população pobre dos morros cariocas. As declarações revelam o verdadeiro caráter dos generais golpistas, uma corja de fascistas em busca do sangue do povo carente, pobre e indefeso, uns verdadeiros carniceiros.

É preciso deixar claro, no entanto, para esses generais assassinos que o Brasil não é o Haiti, um país completamente subjugado pelo imperialismo, o Brasil possuí uma classe operária fortemente organizada em seus sindicatos, centrais e partidos, além de movimentos sociais de massa. São essas organizações do povo que irão dar a devida resposta à sanha por massacre dos generais golpistas.