Militares estão no comando do governo

Dizer que o governo golpista de Michel Temer é refém dos militares não é nenhuma figura de linguagem. Basta um olhar rápido sobre as recentes movimentações dentro do governo para se chegar a essa conclusão.

Diante do fracasso do governo golpista, que culminou no abandono da reforma da Previdência, os donos do golpe decidiram agir de maneira mais decisiva. Está claro que o governo Temer não se sustenta por si só. Talvez seja o governo mais impopular da história do País e o imperialismo e a direita, ou seja, os donos do golpe sabem que esse governo não tem condições de colocar em prática da maneira como eles querem os planos anti-populares de destruição dos direitos do povo.

É nesse momento que aparecem os militares. A intervenção militar no Rio de Janeiro, apoiado entusiasticamente pela rede Globo, foi a jogada decisiva para colocar os militares no comando das operações. Fica cada vez mai claro que quem dá as cartas são os generais, a começar por Sérgio Etchegoyen, general chefe do gabinete de Segurança Institucional do governo federal. Trata-se de um general defensor aberto do golpe e da ditadura militar e de família de tradição golpista.

A intervenção no Rio de Janeiro foi uma iniciativa dos militares. A partir daí, os generais, como o comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, passaram a ocupar uma posição de destaque nos noticiários, defendendo sem nenhuma vergonha a ditadura contra o povo e até mesmo um golpe militar no restante do País. Na quinta-feira, dia 28, o agora ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann – também um fantoche dos militares -, se reuniu com 25 governadores para discutir a intervenção em outros estados. Não dá para ter dúvida que os militares estão preparando o terreno para um golpe militar.

No meio disso tudo, há talvez o fato político mais significativo: a mudança do chefe da Polícia Federal. Fernando Segovia, braço direito de Michel Temer, indicado de José Sarney, foi exonerado. Em seu lugar foi colocado Rogério Galloro, homem de confiança do general Etchegoyen. Ou seja, os militares estão no comando da Polícia Federal.

Fica claro que os militares em pouco tempo e com algumas manobras políticas agora ocupam postos fundamentais no governo. Estão no controle do estado do Rio de Janeiro, comandam a Polícia Federal, tem um fantoche no recém criado Ministério da Segurança Pública. Faltou o Ministério da Defesa. Não faltou. No lugar de Jungmann foi colocado Joaquim Silva e Luna, general da reserva. Ainda daria para citar aqui as declarações abertas em defesa do golpe como as do general Augusto Heleno e do agora general da reserva Hamilton Mourão.

O golpe militar caminha por dentro do próprio governo, que já é dominado pelos generais.