Estadão deixa escapar: governo eleito em disputa sem Lula não tem respaldo nenhum

Quem muito se defende, muito se acusa.

Ao argumentar em favor da atitude das juízas como Carolina Lebbos, da 12.ª Vara de Execuções Penais que impede Lula de se pronunciar da prisão, e da presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, que recusou os inúmeros habeas corpus reivindicados a favor do ex-presidente, o editorial do Estado de S. Paulo de 13 de julho de 2018, acaba deixando escapar de forma implícita que um governo sem Lula não terá nenhuma legitimidade.

O tom geral do artigo é de que, ao contrário de uma encarniçada perseguição política via sistema judiciário, todo esse imbroglio jurídico não passa de uma estratégia dos advogados de Lula que querem vitimizá-lo para promovê-lo politicamente, até a hora em que o PT lançará seu candidato próprio à presidência que absorverá a votação dos eleitores indignados com as injustiças da “Justiça”.

“com o indisfarçável objetivo de deslegitimar a eleição presidencial, o PT tenta judicializar ao máximo o processo sucessório. Em outras palavras, causar os maiores problemas políticos possíveis, mediante a banalização do direito constitucional à ampla defesa e a utilização despropositada das dezenas de recursos judiciais previstos pela legislação processual cível e penal. Trata-se de expediente matreiro para tentar exaurir, desde já, a autoridade do candidato – que não será petista – que sair vitorioso nas urnas, em outubro.”

Malgrado a intenção do artigo de confundir o eleitorado colocando Lula, candidato que detém um terço da preferência popular, como corrupto (e não o poder judiciário), uma verdade acaba por emergir do discurso ao mesmo tempo sofístico e defensivo do Estadão: a de que, na situação atualmente criada, a ausência de Lula nas eleições implicará uma considerável perda de legitimidade do próximo governante, seja ele quem for.