Diante da intervenção militar, PSTU quer apoio e unidade com os policiais

O partido de esquerda mais desmoralizado do Brasil ataca novamente. Sim, estamos falando do PSTU. Depois de colocar em prática uma política suicida de apoiar o golpe de estado (“Fora todos!), que foi responsável por uma enorme debandada do partido e por um descrédito generalizado diante do público em geral, seria de se esperar que o PSTU fizesse ao menos um balanço do que deu errado e tentasse mudar a sua orientação política. Mas ao que parece, trata-se de um caminho sem volta rumo ao precipício.

O presidente nacional do PSTU, Zé Maria, publicou uma nota onde supostamente estaria se posicionando contra a intervenção militar no Rio de Janeiro. Embora repita obviedades sobre a incapacidade de se combater a violência por meio da repressão militar que a “intervenção vai aumentar a violência contra os pobres”, uma análise um pouco mais minuciosa do texto mostra o quão perdido se encontra o partido morenista. Já no início do texto, o “trotskista” Zé Maria nos brinda com um impressionante desconhecimento político, inaceitável para quem diz defender o legado de gigantes revolucionários como Marx, Lenin e Trotsky. Diz ele: “Não é novidade para ninguém a violência generalizada que se abate sobre a população pobre do rio de Janeiro, notadamente as que vivem nas comunidades. Violência do tráfico, das milícias e, mais grave, violência da própria polícia, que deveria proteger as pessoas.”. Quem seria o trotskista que em sã consciência diria que o objetivo da polícia é “proteger as pessoas”? De onde ele tirou isso, se não da própria ideologia que a burguesia tenta vender para a população?

Até um novato militante ou uma criança com um mínimo de conhecimento ou vivência no mundo real sabe que as forças de repressão existem para defender os interesses dos mais ricos contra a população pobre. Que a polícia ágil e eficiente para reprimir greves e proteger os tubarões capitalistas e suas grandes propriedades não tem serventia alguma quando se trata de “proteger as pessoas” mais pobres e trabalhadoras.

Mas não para por aí. A matéria de Zé Maria alega, corretamente, que “não haverá segurança para os trabalhadores e o povo pobre enquanto estes mesmos não tomarem em suas mãos a tarefa de garantí-la”, mas orienta que para conquistar essa segurança é preciso organização e que ” parte importante desta organização é buscar e cobrar apoio dos próprios componentes das forças policiais, fazê-los ver que precisam repensar seu papel na sociedade”, pois, segundo o dirigente do PSTU, “a situação de penúria que vive agora os policiais militares e civis do Rio que estão sem receber salários, sem as mínimas condições de exercer sua função por falta de equipamentos, é expressão de que os governos não querem assegurar segurança pública nenhuma”.

Na imaginação de Zé Maria, os policiais seriam, portanto, aliados do povo na sua busca de segurança. Como já gritaram militantes do PSTU em greves dos policiais, “o policial é emu amigo”.

Assim, uma solução para o povo em sua luta contra a repressão seria pedir apoio ao próprios PM´s e demais forças policiais e ajuda-los a “repensar”. Nada de luta, de auto-organização, “integração” coma Polícia.

Por essa mesma “fórmula mágica”, religiosa de um dos principais dirigentes do PSTU, duas vezes candidato presidencial do partido, quem sabe também seria possível fazer os banqueiros “repensar” sua avareza e o roubo constante da imensa maioria da população. Não seria mais preciso luta de classes e organização independente dos explorados; a revolução, então, seria algo impensável e desnecessário, bastaria fazer os capitalistas “repensarem”.

De quebra, Zé Maria ainda assume o programa tradicional da direita e da esquerda pequeno burguesa, como o PSOL, para quem é preciso apoiar as reivindicações das forças repressivas como evitar que fiquem”sem as mínimas condições de exercer sua função por falta de equipamentos”, ou seja, seria preciso dar mais armas, mais cães, mais bombas para exercerem sua função de reprimir e torturar o povo e garantir que aceitem a exploração que os patrões lhes impõem.

Mesmo com as declarações dos generais de que a intervenção no Rio é um “laboratório para o País”, um passo em direção ao golpe militar e à ditadura defendida por comandantes das FFAA com poderes cada vez maiores dentro do regime golpista, o PSTU ignora esta realidade e “analisa” apenas a ineficiência da ação militar para se combater a violência.

Assim como fechou os olhos para o golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma, o PSTU não vê o perigo crescente do golpe e ditadura militar e por isso, não propõe nada, de fato, nenhuma luta contra a intervenção e contra o golpe, apenas, buscar a “boa-vontade” de setores das forças de repressão.

É preciso atacar duramente essa política confusa, oportunista e abertamente contra revolucionária dos morenistas do PSTU. Não é possível buscar uma união com a polícia e outras forças repressoras.

Ao contrário dessa política reacionária, os trabalhadores e a juventude precisam se organizar e impulsionar a revolta e  mobilização operária e popular contra a intervenção e contra o golpe, construindo comitês nos bairros, escolas, universidades, locais de trabalho etc.