Censura nos EUA: a guerra da direita aos livros

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou barrar a publicação de um livro esse mês. O livro “Fogo e fúria”, do jornalista Michael Wolff, acabou chegando às livrarias, retratando a Casa Branca sob o governo Trump e seus assessores como um circo de horrores. Essa ameaça, no entanto, está longe de ser um episódio isolado de censura e guerra contra a liberdade de expressão nos EUA.

Ano passado, cinco obras foram banidas de escolas e bibliotecas pelo país. Além desses cinco, há toda uma lista preparada por grupos de direita. Livros que tratam sobre minorias e opressões, por exemplo. Os conservadores procuram tirar o acesso a esses livros de instituições públicas. Uma política obscurantista para manter o povo na maior ignorância possível.

Entre os livros está, por exemplo, O sol é para todos, de Harper Lee, que trata sobre o racismo. Livro vencedor do Prêmio Pulitzer, o best seller da década de 60 foi adaptado para o cinema sob o título Na sombra e no silêncio. Com um retrato contundente da desigualdade racial nos EUA da década de 30, esse é até hoje um dos livros mais lidos sobre o assunto no país.

O motivo para a censura contra o livro em escolas e bibliotecas é particularmente ilustrativo de como a armadilha da censura funciona. O livro foi suspenso de uma série de instituições com o pretexto de que usaria “linguagem racista”, como a palavra “negro”. Uma justificativa cnica que mostra o perigo de procurar desculpas para impedir a circulação de ideias, opiniões e obras artísticas.