A questão central do 63º Conad Andes é a aprovação da construção dos comitês de Luta contra o golpe

Por Antônio Eduardo Alves

O esgotamento do governo golpista, evidenciado na greve dos canhoneiros; na rejeição popular aos candidatos vinculados ao golpe, na fuga dos capitais, entre outros fatores assinalaram ao mesmo tempo a crise do golpe e o aprofundamento do caráter golpista do regime político com aumento das medidas repressivas, com presença cada vez mais constante dos militares nas decisões. A instabilidade e a falta de apoio popular pode levar inclusive a não realização das eleições marcadas para outubro.

A prisão de Lula assinala o caráter autoritário do regime golpista, com a prisão política da principal liderança do pais, com o claro objetivo de impedir a candidatura do ex-presidente, o que revela a impopularidade dos golpistas.

Neste contexto proliferam no pais  e também no exterior Comitês de Luta contra o golpe. Dessa forma, o fomento dos comitês e a mobilização pela liberdade de Lula e contra as medidas implementadas pelo governo golpista tem constituído um efetivo processo de luta contra o golpe.

Durante toda crise política que levou ao golpe de Estado, a política implementada pela diretoria o Andes, foi de completa omissão e alguns casos de apoio velado aos golpistas. Assim, a tônica geral foi a de não reconhecer o golpe e não lutar contra a direita. Essa política profundamente capituladora foi consequência do seguidismo da diretoria do Andes da politica golpista da CSP, a central fantoche do PSTU.

Mais recentemente o apoio da CSP à prisão de Lula demonstrou de maneira absolutamente cristalina que a “central” do PSTU é nada mais nada menos do que um mero apêndice da direita mais reacionária. Por isso, é preciso iniciar imediatamente a discussão democrática sobre a desfiliação do Andes da “ central” faz- de-conta do PSTU, que tem um verniz esquerdista, mas tem uma política profundamente direitista.

Durante o processo eleitoral recentemente realizado, a chapa 1, representante da esquerda pequeno burguesa que dirige o sindicato, reconheceu a existência do golpe e até mesmo esboçou uma crítica as posições sectárias da CSP.

O movimento de oposição Renova Andes fez um chamado para a construção de uma unidade política contra o golpe, entretanto, a chapa 1 não se pronunciou oficialmente.

O 63 Conad, é primeiro evento após eleições do Andes, que teve como resultado a vitória eleitoral  da chapa 1 e uma formidável votação da chapa 2, Renova Andes. Além da posse da diretoria eleita, o encontro discutirá a conjuntura e atualizará o plano de luta do sindicato.

A questão mais importante colocada neste evento é aprovação da luta contra os golpistas, através da intensificação da implementação de comitês de lutas nas universidades e mobilização pela conferência aberta dos comitês contra o golpe.

O movimento  de oposição Renova Andes apresentou no caderno de texto uma resolução, TR11, que propõe que o Andes estimule e constitua comitês de luta nas universidades.

O posicionamento que propõe os comitês representa um importante elemento de esclarecimento político na categoria docente. Cabe salientar que esta questão serve como prova dos nove sobre até que ponto adesão da nova diretoria do Andes na luta contra o golpe é concreta ou apenas jogo de cena.

A aprovação da luta contra o golpe no Andes, expressa na proposta de construção de comitês, bem como na participação na Conferência Aberta contra o golpe e na luta pela liberdade de Lula representaria um importante passo para a construção de um movimento unitário contra o golpe.