Uma amostra do que é a ditadura militar

O general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, afirmou na última semana que o assassinato de Marielle Franco, executada friamente a mais de um mês, não pode ser “resolvido com ansiedade”.

É assim que trabalham os militares sem se preocupar com uma “nova comissão da verdade”, como exigiu o comandante do exército, o general Eduardo Villas Bôas.

Para Etchegoyen, o problema não é a investigação, são as pessoas que querem saber a verdade, “gente que tem ansiedade”, nas palavras do general.

Sua explicação para a demora é inacreditável: “faltam provas”.

“As investigações criminais têm a sua dinâmica própria. Não é o delegado, não é o chefe de polícia, não é o investigador que define o que vai acontecer. São as provas que conduzem, que exigem novas provas, testemunhos que indicam”, disse.

Seguida por dois carros, assassinada com 4 tiros na cabeça, mais de 20 tiros disparados contra o carro. Alguém seria capaz de acreditar em qualquer outra explicação?

O ministro disse que a investigação tem que ser feita com o “máximo cuidado”. É o cuidado para não chegar à verdade, que é que a execução política de uma vereadora foi obra das forças de repressão do Estado.

De que se trata de um crime político não há dúvidas, e é por isso que querem ocultar os autores e a motivação desse brutal assassinato a todo custo.

É justamente assim que agiram os militares quando governaram o país diretamente.

Provas? Coloque lá uma foto do Vladimir Herzog enforcado de joelhos na sua cela e diga que foi suicídio. Ai de quem disser o contrário.

Investigação? Para quê? As provas falam por si só.

Caso encerrado.

No dia do Exército, Villas Bôas disse que os militares não podem “ficar indiferentes aos mais de 60 mil homicídios por ano; à banalização da corrupção; à impunidade; à insegurança ligada ao crescimento do crime organizado; e à ideologização dos problemas nacionais.”

Não podem, portanto, ficar indiferentes a si mesmos. Mas quem vai investigar? Como investigar se os militares estão preparando (e conseguindo, com a ajuda do governo golpista) cada vez mais obstáculos a que sua ação seja regulada e fiscalizada pelas instituições representativas, o Congresso?

Como chegar aos culpados se estes são os próprios responsáveis pela ocultação do crime?

A ameaça de um golpe militar é real. Paira sobre o País como uma nuvem negra. Conquistaram o direito de intervir na situação política, como vêm fazendo no Rio de Janeiro. Manifestam-se sobre cada novo lance da crise política nacional quando deveriam estar encerrados nos quartéis. Enquanto não agem abertamente para tomar o poder, atuam nos bastidores, pressionam fazem sentir sua força sobre um governo fraco. Prometeram intervir se Lula não fosse preso. Esperam agora uma nova oportunidade para sair das sombras.

Se não há defesa parlamentar ou jurídica contra a prisão de Lula e as medidas tomadas pelos golpistas de ataque contra a população, que esperar das instituições carcomidas do Estado diante das ameaças dos militares?

O único caminho para libertar o ex-presidente, bem como barrar a ofensiva golpista contra o povo, é a mobilização revolucionária dos trabalhadores e das massas exploradas.

É preciso sair às ruas e enfrentar o golpe usando aquilo que ele não tem: o apoio do povo.

É preciso uma mobilização permanente até que haja forças suficientes para impor uma derrota aos golpistas.

Nesse momento, a burguesia teme apenas a possibilidade deste enfrentamento. Ela precisa temer o perigo real que a mobilização popular representa para os planos dos golpistas, para a continuidade do golpe de Estado.

O próximo dia 1º de maio dá uma importante oportunidade ao movimento operário e popular de mostrar sua força.

Para isso, é preciso concentrar todos os esforços na realização de um ato nacional de luta do povo pobre e trabalhador pela libertação de Lula no 1º de Maio em Curitiba.

Nosso Partido se dedica integralmente a esta tarefa. Queremos levar gente de todo o país à masmorra onde Lula está preso e mostrar aos golpistas que eles precisam ter medo da força da classe operária mobilizada na luta contra o golpe de Estado.