Também a Globo: “vive la diversitè”

Da redação – A velocidade com que a esquerda pequeno-burguesa consegue se sintonizar com Rede Globo é algo impressionante. Foi assim no “sem partido” dos protestos de 2013, foi assim no “Fora Temer” de maio e junho do ano passado e tem sido assim sempre. Como não poderia deixar de ser, a final da Copa do Mundo tem sido mais uma excelente oportunidade para a imprensa burguesa e a esquerda pequeno-burguesa trabalharem em frente única.

Após a França derrotar a Croácia em um jogo ridiculamente roubado, a pré-candidata abutre Manuela D’Ávila publicou em suas redes sociais: “Parabéns à França, Campeã da Copa do Mundo 2018! Uma Seleção multicultural, com raízes em 17 países, e muitos imigrantes ou filhos de imigrantes. Tema importante para pensarmos nesses tempos de xenofobia que estamos vivendo”. Mas… por que dar parabéns a um time extremamente medíocre e que precisou do VAR durante toda a Copa para não ser eliminado? Como exaltar o “multiculturalismo” francês se a França destroçou os países africanos e inviabiliza que seus habitantes possam emigrar para a Europa?

Embora o que Manuela D’Ávila tenha dito possa parecer sem sentido, o mesmo tipo de ideia pode ser encontrado em um fragmento do jornal golpista O Globo de 17 de julho: “Daí a importância simbólica da vitória francesa na Copa da Rússia. A harmonia multicultural de uma sociedade exige respeitar o próximo e suas visões de mundo, tarefa nem sempre fácil, mas que pode ser facilitada por um regime aberto, cosmopolita e integrador. A mobilidade social e a redução das desigualdades são a melhor forma de integração. E, nesse sentido, as muitas cores contidas no azul dos “Les Bleus” reforçam o apelo por uma civilização aberta e próspera”.

Manuela D’Ávila não elogiou a França por causa de seu futebol – ela fez isso porque pensa como a Rede Globo pensa. Desde o início da Copa do Mundo, a imprensa burguesa vinha fazendo uma fortíssima campanha em prol da seleção francesa – ajudada várias vezes pelo VAR -, de modo a tentar garantir uma maior estabilidade política à França, que possui novo presidente e é um país-chave para o imperialismo europeu. Nesse sentido, a propaganda de que a França é a terra “multicultural”, que respeita as diferenças e na qual todos os “imigrantes” convivem harmoniosamente faz parte da desesperada campanha do imperialismo para “manter a casa em ordem”.