Serra queria entregar o Pré Sal desde 2010

Da redação – Após o naufrágio do governo Fernando Collor coube a Fernando Henrique Cardoso a partir de 1995, com mais competência, levar a cabo a instauração de um regime neoliberal no Brasil. Uma campanha gigantesca foi montada pela imprensa corporativa para convencer a população de que esta era a única alternativa. A privatização de empresas estatais, pedra de toque do sistema, era defendida ferrenhamente nos meios de comunicação. As estatais eram estigmatizadas como ineficientes e corruptas e serviços melhores eram prometidos logo que elas fossem colocadas nas mãos de particulares.

O ex-governador de São Paulo, José Serra, à frente do Ministério do Planejamento, esteve encarregado de conduzir a entrega ao setor privado de tudo que fosse possível ser privatizado naquele momento. Empresas estratégicas como as pertencentes ao setor de telecomunicações, à siderurgia e à mineração foram passadas a preço vil a grupos internacionais ou nacionais com ligações a eles com financiamento por dinheiro público. Escapou, não incólume, dessa maré privatista a cereja do bolo das estatais, a PETROBRAS.

Durante os governos petistas houve arrefecimento das privatizações. José Serra, como senador, passou a atuar mais discretamente, mas sem descanso na defesa da entrega do petróleo brasileiro aos interesses internacionais. Em 2010 o tucano se opôs a um projeto de lei enviado ao Congresso pelo Presidente Lula que, de forma extremamente favorável à estatal, cedia à PETROBRAS o direito de produzir até 5 bilhões de barris de petróleo em grandes áreas do pré-sal; em contrapartida, a PETROBRAS teria o ônus de repassar o valor correspondente a essa quantidade de barris para a União em forma de ações preferenciais da empresa.

Agora foi aprovado projeto de lei apresentado pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) (Projeto de Lei 8.939/2017). Ele autoriza a PETROBRAS, agora na mão de pessoas encarregadas de destruí-la, a vender 70% desse direito a outras empresas (leia-se “grandes petrolíferas transnacionais). Não custa repetir que esse direito é de 5 bilhões de barris além do mais os royalties a serem pagos são de 10% sobre a produção em vez dos 15% no regime de partilha.

Desde 2009 tornou-se pública a razão pela qual Serra defende com tanto ardor o favorecimento de empresas estrangeiras no negócio do petróleo brasileiro. Documentos reproduzidos pelo Wikileaks que Serra se comprometeu com uma funcionária da petrolífera Chevron que caso eleito presidente mudaria as regras de exploração de petróleo no pré-sal que o governo Lula havia aprovado no Congresso.

O caráter contínuo dos crimes que são cometidos contra este país e contra a sua classe trabalhadora coloca de maneira límpida que o país pós golpe não mais comportará soluções conciliatórias onde as mãos que cometem crimes lesa pátria como este permaneçam com as mãos livres para continuar em ação.