Revista em crianças, fichamento de moradores, execução política: um mês de intervenção militar no Rio

A intervenção militar no Rio de Janeiro completou um mês nesta sexta-feira (16), e já conta com um rastro de opressão brutal e sangue em sua curta história até o momento.

Após assumir o comando das forças de segurança do Rio, os militares “pisaram em ovos” e, ao invés de adotar uma tática mais agressiva, decidiram apenas dar suporte aos PMs e fazer uma operação na Vila Kennedy, que também só aconteceu por conta de um sargento do Exército que foi morto durante um arrastão e arma do militar ter sido encontrada justamente nessa favela.

O governo golpista de Temer, refém dos militares, principalmente do chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchgoyen, decidiu usar o Rio de Janeiro como “laboratório” da intervenção militar no país.

Apesar de o discurso difundido na imprensa capitalista ser de ressaltar um suposto caos na segurança da cidade, algo que seria uma “grande novidade”, a versão real dos fatos é de que, com a crise agravada pelo governo golpista, as pessoas estão ficando desempregadas, sem dinheiro e passando fome, e isso traz consequências.

Em um governo minimamente coerente, se colocaria em pauta a necessidade de urbanizar as favelas, construir escolas, hospitais, e não simplesmente mandar a Polícia Militar “resolver” o problema. Mas esta é a política dominante do imperialismo, principalmente neste momento de crescimento dessas posições direitistas. Infelizmente, eis a consequência desse tipo de política.

Nesse um mês, sobraram crianças sendo revistadas no caminho para a escola, o fichamento de moradores pelos soldados e, mais recentemente, o assassinato da vereadora do PSOL Mariella Franco, vítima de uma execução política por denunciar a ação violenta dos policiais e dos militares nas favelas, onde intimidam e matam sem nenhum pudor.

E, logo após uma série de protestos de grande envergadura tomarem as ruas do país em solidariedade a Mariella Franco e contra a intervenção militar, a resposta dos ministros golpistas e dos militares é de reforçar a repressão, usando o crime para justificar uma ação ainda mais enérgica contra a população.

Nesse curto período também tivemos uma rebelião em Japeri, tiroteios em várias favelas e arrastões e assaltos na Linha Amarela e na Avenida Brasil. Ou seja, a situação apenas piorou. Segundo o decreto assinado pelos golpistas, esse inferno está previsto para durar até o dia 31 de dezembro.