Proibição que mata: maior maternindade do Amapá atendeu quatro mulheres em consequência de abortos

O Hospital Maternidade Mãe Luzia, de Macapá, atendeu 1.360 casos de aborto espontâneo ou induzido no ano passado, a maioria eram adolescentes. Entre eles, a maternidade registrou 12 mortes de mulheres e 139 de fetos. Os dados informados pelo hospital não detalham quais casos são ligados à prática legal ou ilegal.

No Brasil, o aborto é proibido, a não ser em casos de estupros, risco de vida para a mãe ou quando o bebê não desenvolve o cérebro. Em 2017, o hospital realizou quatro procedimentos de aborto legal.

A proibição faz com que muitas adolescentes, principalmente, façam uso de métodos alternativos para interromper a gravidez, como por exemplo, usando chás e infusões. A quantidade de atendimentos em consequências do aborto é considerada alta pela unidade. De acordo com a diretora do HMML, Nayra Barbosa, há mulheres que chegam à maternidade em estado grave de saúde.

A médica ginecologista-obstetra Nirce Carvalho conta que atende no hospital casos de abortos que são provocados por medicação forte, garrafadas, chás e até mesmo com inserção de “macarrão”, um tipo de plástico usado para forrar cadeiras de balanço.

“Recebemos muitas pacientes que já chegaram morrendo na porta do hospital e não temos muito que fazer. O aborto feito com chá, por exemplo, causa hemorragia, pressão bem baixa, e têm algumas que ficam com febre muito alta”, diz a médica.

A situação que se repete por todo o País, expressa a situação de calamidade, com a morte de milhares de mulheres todos os anos, por conta da proibição e criminalização do aborto. Contra esta política reacionária, de perseguição e massacre das mulheres, é preciso mobilizar em todo o País, contra a criminalização do aborto e pela sua legalização e realização pela rede pública.