Programado para atacar os negros

Quando estreou o terceiro filme da trilogia “Planeta dos Macacos- A Guerra”, em julho do ano passado, o diretor-adjunto da casa de custódia de Vila Velha (Cascuw) postou uma foto no grupo de Whatsaap do qual participava, em que segurava a mão do cartaz do personagem principal do filme o macaco César.

A foto pura e simples em si não tem nada demais porém, o comentário feito por Leonardo Perini (Diretor Adjunto) teve desdobramentos. O diretor da casa de custódia escreveu que ali ele comparou o macaco César com um funcionário seu subordinado que também é negro. Foi feita uma denúncia anônima e Leonardo Perini agora responde a um processo por injúria racial com o agravante de a vítima ser sua subordinada, delineando assédio moral.

Desde que a população negra intensificou sua luta contra a opressão que a burguesia branca usa do expediente da retórica da opressão do “politicamente correto”. O que temos a fazer é ignorar o que falam e observar as suas ações. Não sabemos como era o relacionamento no dia a dia entre chefe e subordinado no trabalho, pode ser que o chefe seja a pessoa que mais incentivava e apoiava a vítima. Poderiam até ser amigos. Mas lembrando que a vítima não fazia parte do grupo de Whatsapp, então o chefe o ofendeu sem que a vítima sequer tivesse o direito de se defender.

O que se é falado também é reflexo das ações do dia a dia. Ser comparado a um macaco, a um bandido etc. é uma forma de opressão e submissão. Carregar a pecha de ser um indivíduo inferior e estar sempre em desvantagem na hora de procurar um emprego, na hora de procurar por atendimento médico, na hora de batalhar por um emprego, é uma constante na vida da população negra.