Pretexto do golpe: camponeses paraguaios perseguidos pela direita são inocentados depois de seis anos

Há seis anos, em 15 de junho de 2016, a direita do Paraguai, à mando do imperialismo norte-americano, articulou um massacre, uma verdadeira carnificina em Marina Kue, Curuguaty, resultando na morte de 17 pessoas, entre elas 11 camponeses e seis policiais.

À época, foi denunciado por este diário que o acontecimento era manobrado para fazer, através da imprensa, uma campanha destruidora com a finalidade de derrubar o governo nacionalista burguês de Fernando Lugo. Sete dias depois, com um impeachment que foi aprovado no Parlamento, o fato se comprova. Agora, essa mesma direita abertamente fascista do Supremo paraguaio, revogou no último dia 26, as condenações de dez desses camponeses e recebeu elogios do alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein.

É um show de cinismo o que a direita mundial e em toda América Latina proporciona, quando, nas pessoas de seus grandes latifundiários – ainda no século XXI -, pagam capangas, milicianos – que em sua maioria são ex-policiais ou militares do exército -, verdadeiros jagunços, para torturar, prender sem provas, matar, qualquer um que se coloque frente aos seus interesses de lucro. E, após algum tempo, quando a “poeira baixou”, voltam atrás, como se os afetados fossem esquecer a somatória desses massacres por todos os países que sofrem com o golpismo norte-americano, não podendo sequer serem contabilizados, devido a grandeza numérica das vítimas.

O caso em específico, se iniciou quando terras públicas foram ocupadas pelos sem-terra, após terem sido griladas pela família de Blas Riquelme – ex-presidente do Partido Colorado, do mesmo partido do ditador Alfredo Stroessner, que governou o país com mão de ferro durante 35 anos. Toda essa luta por dignidade e terra, resultou no terrível massacre, onde participaram 350 policiais com treinamento especializado, muitos treinados por militares norte-americanos e por técnicos da CIA, contra 60 camponeses, muitos deles mulheres, crianças e idosos. Um típico genocídio dos muitos organizados pelos EUA em todo o globo, onde os mesmos treinaram, infiltraram homens, cederam armamento ou direitamente matam pessoas sem respeitar qualquer lei.

A história foi tão escandalosa que o escritor e jornalista Leonardo Wexell Sereno escreveu o livro “Curuguaty – Carnificina para um golpe”, pela editora Papiro, trazendo fotografias, relatos, entrevistas dos antecedentes, explicando como a direita herdeira do ditador Stroessner com latifundiários e uma ampla campanha da imprensa capitalista paraguaia utilizou o massacre para golpear o presidente. Internacionalmente falando, foi criado um movimento que pede justiça e liberdade aos perseguidos políticos.

O mais incrível, se tratarmos do fato de que as Nações Unidas parabenizaram tal justiça fascista, é que, mais além, ainda pedem mais investigações, como se não tivessem conhecimento da enorme perseguição que acontece internamente no Paraguai, somado a destruição da economia, da guerra com facções criminosas de narcotraficantes, políticos de direita e uma policia totalmente corrupta.

O golpe de 2012 é mais um dos diversos articulados pelo imperialismo, frente aos avanços na integração regional de países onde a esquerda subiu ao poder, por conta das crises anteriores dos próprios imperialistas encabeçando na Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e no Mercosul (Mercado Comum do Sul).