Política eleitoral não é o caminho para impedir a prisão de Lula

O ex-presidente Lula está pode ser preso a qualquer momento. Os desembargadores do TRF4 já anteciparam a decisão sobre o recurso apresentado pela defesa para o dia 26. Isso significa que Lula já poderá ser preso a partir desse dia, levando em conta que a decisão dos desembargadores não será diferente do que as decisões que o Judiciário golpista vem tomando no sentido de condenar Lula.

A prisão de Lula abrirá caminho para uma perseguição ainda mais generalizada contra a esquerda e os movimentos populares. As arbitrariedades que os golpistas estão colocando em prática para prender Lula serão usadas também contra o povo. O que a direita prepara com a prisão de Lula é um aprofundamento do regime de exceção já vigente no País.

Para enfrentar tudo isso não há outra saída do que uma enorme e enérgica mobilização popular. Uma política eleitoral seria um erro mortal para a esquerda.

Muitos setores da esquerda pequeno-burguesa, inclusive o PT, acreditam que uma política eleitoral seria o suficiente para frear os ataques contra Lula. Essa ideia se baseia na popularidade enorme de Lula. Essa popularidade é real e tem crescido, mas por si só ela não será capaz de frear a direita.

Não há opinião pública que seja suficiente para derrotar a ofensiva golpista. É preciso que essa opinião pública se materialize em ações reais contra o golpe, não adianta uma opinião nas redes sociais se ela não se transforma em ação real das massas. É preciso que a massa de pessoas que apoiam Lula e a esquerda tenham uma orientação política clara, que é sair às ruas para impedir a prisão do ex-presidente. A política eleitoral, ou seja, que usa a popularidade de Lula para convencer e comover a direita de que Lula não pode ser preso e deve participar das eleições é um erro fatal. A direita golpista mostrou que não está disposta a recuar.

O fator essencial da situação política é fazer o povo se mexer, é preciso orientar o povo do que deve ser feito, chamar às ruas, mobilizar e dizer claramente “não à prisão de Lula”, “abaixo o golpe”. A direita quando precisou derrubar Dilma Rousseff não contou apenas com a “opinião pública” produzida artificialmente pela campanha da imprensa golpista. A direita colocou os coxinhas na rua em torno da palavra de ordem central que era “fora, Dilma”. Não fizeram campanha eleitoral por Michel Temer ou qualquer outro, mas se unificou em torno dessa política.

A direita quer prender Lula e depois atacar todo o povo. É preciso mobilizar, ir às fábricas, chamar os sindicatos a saírem às ruas.