Para quê intervenção? Até Villas Bôas admite que intervir não resolve nada, é só repressão ao povo

O general Villas Bôas, comandante do Exército, deu mais uma entrevista nesta semana – desta vez à Globo News. Afinal, assim como os procuradores, promotores, juízes e policiais da operação Lava Jato viraram celebridades na época em que o golpe contra a presidenta Dilma estava sendo tramado, os militares têm aparecido diariamente na imprensa burguesa.

Embora considerado “moderado”, o general Villas Bôas, sempre quando aparece para dar entrevistas, defende sempre as tendências mais antidemocráticas do Exército. Durante o julgamento do impeachment, Villas Bôas não se afirmou contra os golpistas que queriam saquear o país. Após as declarações de Mourão, Villas Bôas não negou que o Exército poderia intervir no país. Recentemente, durante a intervenção no Rio de Janeiro, o comandante disse que era necessário “garantia” de que não haveria uma nova Comissão da Verdade.

Na entrevista à Globo News, Villas Bôas falou o que todo mundo já sabia: a intervenção militar no Rio de Janeiro não vai resolver absolutamente nada. Segundo o próprio comandante, os problemas do Rio de Janeiro são muito antigos e, portanto, não poderão ser resolvidos de maneira “simplista”. Isto é, a “solução” proposta pelo general Heleno de fuzilar todos os traficantes estaria longe de resolver os problemas do Rio de Janeiro.

O que é mais absurdo, no entanto, é que Villas Bôas não conclui, a partir disso, que não deve haver intervenção militar no Rio de Janeiro. Pelo contrário: o fato de não ser uma solução será apresentado como justificativa para que os militares prolonguem indefinidamente a intervenção e a ampliem para todo o Brasil. Por isso, é necessária uma grande mobilização contra o golpe militar no Rio de Janeiro, expulsando, incondicionalmente, os assassinos de Marielle Franco.