Os militares podem tudo, inclusive dar um golpe a qualquer momento

Proibido por lei de atuar em favor de qualquer candidatura ou partido político e de fazer campanha eleitoral em todos os sentidos, o clube militar, que é uma entidade representativa da elite do setor, vem propagando todo o seu apoio ao candidato de extrema-direita e também carreirista militar Jair Bolsonaro e a seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão, presidente do mesmo clube.

Além de promover palestras com o próprio Bolsonaro e com o desembargador do TRF4, Thompson Flores, inimigo declarado do ex-presidente Lula, a associação tem usado de sua infraestrutura, como site e sua vasta rede de contatos eletrônicos, para difundir artigos em favor do militar presidenciável e para proferir críticas moralistas contra os anos de governo do PT na Presidência.

Outro general da reserva, Augusto Heleno Pereira, também aproveitou o site do clube para publicar suas ideias e defender que “Jair Bolsonaro é a única chance de mudar o país. Votar em qualquer um dos outros é ter certeza do erro.”

Passível de ser caracterizada como abuso do poder econômico, a conduta poderia ser contestada pelo Ministério Público Eleitoral, fazendo com que a chapa de Bolsonaro e Mourão fosse inviabilizada, mas sabe-se que a voracidade das instituições contra a existência dos militares não seria a mesma que vemos diariamente contra Lula e toda a esquerda.

Em tempos de crise econômica e política, quando a população tende a se revoltar e ameça abolir estas instituições antidemocráticas e corporativistas que estão há anos no controle do país, o Ministério Público, a Justiça e as Forças Armadas em geral resolvem se unir para sobreviver e suprimir a vontade soberana do povo.

O fato deste clube estar em flagrante campanha eleitoral sem qualquer preocupação com as leis mostra que os militares estão cada vez mais, e sem o menor pudor, participando da vida política do país, inclusive se sentindo autorizados a controlar diretamente o poder, sem intermediários. Por que não? Neste cenário, só a mobilização popular seria capaz de enfrentá-los e conter sua fúria opressiva.

Este é apenas um dos abusos que vêm sendo cometidos pelas forças dominantes. Além disso, temos a constante violação dos direitos humanos previstos na Constituição Federal por parte das instituições mais poderosas e a manipulação descarada da imprensa golpista a respeito do destino político do país. A retirada criminosa do ex-presidente Lula das eleições é só o efeito do estado de exceção que estamos vivendo.