O tiro é apenas “uma tese”, segundo a Folha

Dois ônibus da caravana de Lula pelo Sul foram alvejados por quatro tiros de arma de fogo na noite da última terça (27), após terem seus pneus furados por pregos de quatro pontas. Os veículos levavam assessores e jornalistas que acompanhavam o grupo.

A imprensa golpista prontificou-se a noticiar o fato como uma suposta agressão. Ainda na mesma noite, estampou em seu sítio que o “PT diz que ônibus da caravana de Lula é alvo de dois tiros” – manchete tão descarada que foi alterada mais tarde; O Estado de S. Paulo agiu na mesma linha, ressalvando que “a polícia civil confirmou ao menos um tiro”.

As manchetes eram preferencialmente sobre uma ameaça que Edson Fachin, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) relator da Operação Lava-Jato, teria sofrido – sem provas. Nas edições impressas, o cinismo continuou: O Globo mostrou um soldado do exército jogando bola com uma criança, ao lado da manchete: “Violência piora após intervenção e leva tropa às ruas”. O Estadão ressaltou que “Presidenciáveis defendem prisão após 2ª instância”. A Folha de S. Paulo, trouxe em sua capa: “Ônibus da caravana de Lula sofrem ataque a tiros”. Porém, a seção Painel da Folha, editada por Daniela Lima trazia uma matéria mais descaradamente manipulada da campanha golpista sobre o tema, sob o título: “Ataque infla a tese de que Lula é alvo de caçada”.

Para a Folha, o “PT vai explorar ataques a caravana do Sul em denúncia à mídia estrangeira”, e tal exposição seria uma mera campanha publicitária. Pouco importam os fatos, para o jornal golpista. Pouco importam os inúmeros ataques com pedras, paus, e até mesmo agressões com chicotes, promovidos por grupos fascistas contra a população que seguia a caravana. Pouco importam os bloqueios de estradas com tratores promovidos por ruralistas de extrema direita. Pouco importam os quatro tiros que atingiram os ônibus na última noite.

Para a Folha de S. Paulo, tudo seria uma mera “tese”, uma “versão” dos fatos. Tal visão da Folha se justifica evidentemente por sua própria prática dita jornalística. Desde o início da articulação do golpe, a Folha – juntamente com o grupo Bandeirantes, a Globo, o Estadão, o SBT, a rede Record, a Veja e outros – foi um dos carros-chefes da imprensa na difamação do PT, na criminalização dos movimentos de esquerda e de suas lideranças. Foi nas caixas de comentários desses jornalões que germinou o fascismo, a intolerância com o diferente. Os jornais funcionaram tanto como promotores de desinformação quanto como caixa de ressonância e amplificação da extrema direita que agora levanta a cabeça nos ataques contra a caravana de Lula.

Foi a cobertura bombástica de factóides, como a divulgação criminosa de Sérgio Moro, o “Mussolini de Maringá”, da ligação entre Lula e Dilma, que resultou num surto histriônico dos setores fascistas mais radicais. Foi a cobertura parcial da imprensa golpista que legitimou o impeachment fraudulento de Dilma Rousseff. É a cobertura mentirosa de veículos como a Folha que vem procurando criar um clima de otimismo em meio a uma economia em frangalhos, conduzida por um governo golpista. É a Folha, e o restante da imprensa, que promovem diariamente o apoio a Michel Temer e seus asseclas, enquanto eles servem ao grande capital internacional.

Para a Folha, o jornalismo não é baseado em fatos, mas sim em teses, em mentiras, notícias falsas, que devem ser infladas artificialmente, servindo ao grande capital para criar discursos que justifiquem o ataque sem precedentes aos direitos da população brasileira e ao patrimônio nacional. Foi a Folha, e o restante dessa imprensa golpista, que inflou e segue inflando o fascismo que cada vez se torna mais real, e agora ameaça diretamente a vida do presidente Lula e de todos ao seu redor.