O que os generais pensam sobre o povo negro

Em um debate com pré-candidatos ao governo do Distrito Federal, ocorrido na segunda-feira (09), o general da reserva Paulo Chagas (PRP) expôs, aos olhos e ouvidos de  todos, o seu racismo atroz. Para o militar, o negro morre mais, porque mata mais, é uma igualdade e que não há necessidade de nenhum tipo de política que vise privilegiar a raça negra.

Chagas  também incitou a violência contra o desembargador que concedeu habeas corpus ao ex-presidente Lula, que foi caçado ilegalmente, o que gerou repúdio de uma parte da plateia e constrangimento, pela franqueza, até mesmo nos outros candidatos, todos de direita, que apesar de terem o mesmo pensamento, não verbalizam publicamente temendo reações.

A fala racista do general se deu ao ser indagado pela jornalista da EBC Juliana Cézar Nunes, que é negra, sobre as políticas públicas de combate a violência e discriminação  contra a população negra e sua cultura, violência crescente no Distrito Federal e entorno. O militar que é apoiado por Jair Bolsonaro sentiu-se aviltado, seja pela pergunta, seja pelo fato de a jornalista ser negra, e respondeu não entender por que está sendo questionado sobre negros, que não é racista, que até tem amigos…

Segundo ele: “não vejo necessidade de fazer políticas públicas para favorecer qualquer raça, já que somos iguais perante Deus”. Espantada com tamanha manifestação de racismo e ignorância, a jornalista esclarece que a pergunta não é específica para ele e que poderia ser dirigida a qualquer outro já que é uma fato concreto e os dados apontam, como o maior índice de homicídios contra os negros, e que estas morte em grande parte são causadas por forças Policiais.

O candidato da extrema-direita admite o maior índice de morte entre negros, mas explica, na sua visão nazista, um ponto que as pesquisas escondem: “se o negro e o que mais morre, é também, na mesma pesquisa, o que mais mata”. Neste momento a plateia interrompeu aos gritos de racista, o militar ironizou dizendo que vão chamá-lo de fascista também, mas que não se importa.

O militar justificou e defendeu publicamente o genocídio da população negra. Segundo ele, o negro mata mais, ou seja, é bandido, sendo “bandido” deve ser morto, uma ordem natural. De outro lado, para ele o negro está onde deve estar, ou seja na sua concepção de sociedade o negro deve ser subalterno ao branco, que é o normal, qualquer coisa fora disso seria privilegiar uma raça em relação a outra.

É uma concepção nazista, expressa publicamente pelo general, que naturalmente não é apenas dele, mas corresponde a mentalidade da extrema-direita golpista e da direita golpista, ainda que não manifeste a com tanta veemência.