O plano macabro dos golpistas para o Banco do Brasil

A direção do Banco do Brasil apresentou no último dia 5 de janeiro, o segundo plano de reestruturação da empresa nos últimos doze meses.

Ao contrário do primeiro, que tinha um objetivo claro de diminuição do número de funcionários para diminuir custos, o atual está encobrindo seus reais objetivos.

Sem sombras de dúvidas que o Plano de Adequação de Quadros (PAQ) aprofunda os ataques dos golpistas contra o Banco do Brasil e os seus trabalhadores . Como denunciou o representante dos funcionários no conselho diretor, Fabiano Felix, em nota ao funcionalismo, “As novas medidas modificam bastante a dotação de pessoas, comissões e remuneração de milhares de colegas, altera profundamente a estrutura de várias unidades, fecha dependências, modifica e elimina muitas carteiras de clientes, inclusive bem estruturas e lucrativas, fecha vagas de caixa e de cargos comissionados. Ao final, ameaça funcionários com transferências compulsória e oferece a quem não tiver vaga o pior PDV que o banco já anunciou – com indenização baixa, obriga quem ‘aderir ao desligamento consensual’ a abrir mão da Cassi [plano de saúde dos funcionários do banco] e ainda coloca em dúvida a possibilidade de propor demandas trabalhistas”.

Então qual o propósito do banco em encobrir os objetivos do PAQ? Na verdade o PAQ é a ponta de um iceberg de uma política de absoluta liquidação do Banco do Brasil, como empresa pública. O PAQ, nesse sentido, é a preparação do “terreno” para a implantação de um conjunto de medidas que visam criar as condições para a privatização do banco.

Não por acaso, alguns dias anteriores ao anúncio do PAQ, o banco divulgou a ampliação do Programa de Desempenho Gratificado. Para ser implementado, esse outro outro plano, o PAQ é pré-requisito.

Esse programa trás duas consequências imediatas. Em primeiro lugar, transforma todos os funcionários de agência em “vendedores de seguro”. (qual o sentido de um banco público em que seus funcionários ganham para vender seguro?).

Depois, oficializa, na prática, a reforma trabalhista dentro do Banco do Brasil instituindo a remuneração variável como um item fundamental da remuneração do trabalhador. Pior ainda, a remuneração variável que poderia parecer um incentivo ao incremento de renda, na verdade será absolutamente seletiva, pois os critérios estabelecidos impõem concorrência entre os trabalhadores de uma mesma dependência. Por exemplo, no caso dos escriturários (funcionários sem comissão), apenas os 10% dos melhores classificados receberão 100% de bônus, os 10% seguintes, 50% de bônus e os imediatamente anteriores, receberão 25%. Portanto, 70% dos funcionários do principal segmento do Banco do Brasil não terão direito a nada.

Mas o que é ruim, ainda pode piorar! Justamente esses 70% sem direito a nenhum tipo de bônus, serão avalidados, pelos novos critérios de avaliação funcional, apenas por gestores, com poder, inclusive de demitir!

Fechando a conta, temos o seguinte: os golpistas transformam o BB em um banco tipo Itaú, com seus funcionários de agências voltados para vender “badulaques” bancários; 70% dos funcionários da rede de agências, um contingente que gira em torno de 50 mil trabalhadores, serão avaliados diretos por gestores, que tem como missão garantir a venda dos “badulaques”. O que esperar?  Banco social? Qual ? Para que serve o BB?

Essa é a conta dos golpistas. O silêncio sobre os propósitos da reestruturação por parte do banco está justamente na condição de não fazer marola para transformar a privatização numa aparência de consequência lógica para os trabalhadores.