O futebol: expressão genuína do povo

Um argumento usado contra o futebol, que é comum tanto na direita como na esquerda pequeno-burguesa, é o de que este esporte não teria nenhuma representação no povo, que não seria popular devido aos enormes montantes de dinheiro que são gerados nos clubes e seleções e os altos salários dos jogadores.

Em suma, se o futebol é um grande negócio capitalista, ele automaticamente estaria impugnado como uma expressão genuinamente popular. Neymar, principal jogador brasileiro na Copa, é o principal alvo dos defensores dessa tese. Os milhões que recebe têm sido motivo para ataques por parte da direita e da esquerda pequeno-burguesa.

É preciso dizer que como qualquer outro grande evento capitalista, o futebol não poderia ser diferente. Para definir se tal ou qual movimento cultural, seja ele artístico ou esportivo, é genuíno ou não, não basta dizer que existe um grande negócio por trás. Enquanto houver capitalismo, haverá dinheiro, haverá contradições e desigualdades em absolutamente todas as atividades humanas.

Isso pode e deve ser passível de críticas, mas não servem como um fator que impugna de antemão o futebol. Se fosse assim, teríamos que impugnar, em última instância, toda a atividade humana dentro do capitalismo. Sem contar que esse critério “rígido” usado pelos inimigos do futebol não é utilizado em outros atividades culturais, como por exemplo o cinema e a música que são atividades que movimentam milhões no mundo todo. Esse critério é direcionado em geral ao futebol.

E por que a artilharia pesada é usada contra o futebol com muito mais rigor do que contra qualquer outra atividade. A resposta é simples: o futebol é justamente a mais popular e mais abrangente de todas as expressões culturais do brasileiro. Os que escolhem o futebol como seu inimigo número um estão na realidade externando uma ideologia anti-povo, anti-operária e mais ainda colonial e racista.

Dessa maneira, não se vê ataques parecidos por exemplo a qualquer astro norte-americano ou inglês que seja milionário. Também não se vê o mesmo ímpeto no ataque à indústria do cinema.

O povo brasileiro em geral e os negros brasileiros mais especificamente não têm o direito de possuir uma legítima forma de expressão que é o futebol e não têm portanto direito de conseguir, por meio desse esporte, atingir o nível financeiro de outros.

O significado disso é bem simples: o brasileiro não tem o direito de ser melhor no esporte mais popular do mundo. É preciso abaixar a cabeça para os europeus.