O Exército sempre foi de direita? Não, mas faz tempo

A imensa confusão da esquerda nacional diante de todos os aspectos fundamentais da política brasileira leva, com frequência, diversos setores a defender teses esquisitas em relação às Forças Armadas. Não raramente, a ideia de que os militares são menos piores do que o governo golpista porque seriam “nacionalistas” surge no debate. No entanto, no Brasil, progresso e Exército são duas palavras que não cabem mais na mesma frase.

A destituição da monarquia brasileira, isto é, a fundação da República, só foi levada adiante por causa do Exército. Ou seja, nesse período – no final do século XIX e início do século XX –, o Exército desempenhava um papel progressista, tendo, inclusive, importância para a abolição da escravidão.

Contudo, o Exército não permaneceu progressista para sempre. Ainda na primeira metade do século XX, os movimentos rebeldes no interior do Exército – sobretudo as investidas do próprio Luiz Carlos Prestes – sinalizavam a existência de um comando direitista do Exército. Progressivamente, os setores direitistas, impulsionados pelo imperialismo, foram sufocando as tendências mais esquerdistas do Exército, de modo que, em 1964, a direita já havia tomado conta do Exército.

O golpe militar não foi apenas violento, ilegal, criminoso e covarde para com os trabalhadores e a sociedade civil em geral. Para que a ascensão do Exército ao poder significasse, efetivamente, a ascensão da direita ao poder, foi necessária uma operação semelhante no interior das Forças Armadas. Durante a ditadura, as perseguições continuaram, de modo que os setores progressistas fora completamente esmagados no Exército.

Após 21 anos em que a direita do Exército esteve no controle do País, somados mais treze anos – entre 1990 e 2002 – em que a Presidência da República esteve nas mãos de fantoches do imperialismo, não é concebível que tenha se formado, no Exército, uma ala esquerdista. Obviamente, existem alguns militares progressistas, mas são incansavelmente vigiados e controlados. Afinal, se o comando do Exército defende o fuzilamento de moradores dos morros cariocas, não se pode esperar nenhum pudor em perseguir, expulsar e até matar aqueles que ousarem desafiar suas posições direitistas.