Neymar, o anticristo

Alguém poderia se perguntar por que ninguém falou, ainda, que Neymar simplesmente não sabe jogar bola. Não falaram isso porque não é possível fazer essa intriga. As demais, todas, estão fazendo. Ninguém, nem comentarista, nem jogador, pode dizer que Neymar sequer joga mal. É um craque e vai arrebentar zagueiros e times inteiros por mais uns bons 10 anos, ao contrário de algumas latas-velhas europeias.

A campanha contra um dos maiores artilheiros da seleção brasileira (só perde para Pelé, Ronaldo e Zico), está a todo vapor, ainda mais intensa do que nos dias em que o Brasil jogava nos gramados russos. As acusações são as mais variadas, e o rapaz está sendo tratado pela imprensa burguesa e pela própria esquerda como o anticristo. Algo a ser demolido.

Ele não deveria ter feito isso, nem aquilo. Não deve falar, deveria falar. Não deveria ganhar tanto dinheiro, deveria ser pobre. Deveria ficar em pé enquanto lhe quebrem as pernas. Deveria largar a mulher, o video game, os amigos, enfim, o futebol. Mas ninguém fala que ele joga mal.

Querem que Neymar, como muitos profissionais do futebol, termine na miséria, e rápido. Querem acabar com ele, da maneira que for possível, sob a desculpa que se apresentar melhor. Querem que ele cumpra seu destino como negro e de infância pobre, que morra sem incomodar os boa-vida da burguesia e sua imprensa.

O futebol promove essa ascensão social de gente como Neymar. Ele é o melhor do mundo, ele é brasileiro, negro e veio da periferia. Ele bate qualquer defesa, qualquer zagueiro. É o terror do futebol europeu, é o terror do comércio futebolístico europeu. Ele é o anticristo.

É por isso que mesmo tendo saído da Copa, não param de falar dele, pois sobre futebol não tem mais o que falar na Copa do Mundo, o futebol, ali, acabou.

O futebol está em Neymar, a alegria de jogar está com ele. A habilidade, a genialidade e elegância está com Neymar. Na luta contra o futebol-arte, contra o nosso futebol, querem acabar com o nosso camisa 10 da seleção, que representa um fio de vida neste esporte que aos poucos vai sendo dominado por corporações, grandalhões e pernas-de-pau, como estes que veremos no próximo dia 15, na final da Copa do Mundo de Futebol.