Morre Otávio Frias Filho, responsável por verniz democrático da Folha depois da ditadura

Morreu nesta terça-feira dia 21/08, vítima de um câncer no pâncreas, Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha e diretor editorial do Grupo Folha. Embora o jornal Folha de S. Paulo tenha apoiado a ditadura durante os anos de chumbo no Brasil, o jornalista foi o responsável pelo verniz democrático do periódico após a abertura política, assumindo editorialmente a defesa dos direitos humanos, como um posicionamento conveniente e adequado à demanda de sua clientela (a burguesia) naquele momento político-social. Alguns anos depois, porém, a Folha se referiu ao período do regime ditatorial como “Ditabranda”, mostrando o caráter direitista da publicação.

Integrante da elite econômico-cultural e do monopólio de comunicação do país – a família Frias, junto com outras quatro famílias, controla 50% dos principais veículos de mídia no Brasil – Otávio Frias Filho defendia o jornalismo apartidário, pluralista, crítico e independente, como “antídoto para a notícia falsa e a intolerância”, diretrizes e princípios incluídos no Projeto Editorial da Folha de 2017 a partir de sua contribuição. Mas este mesmo jornal estampou em sua capa uma ficha policial falsa de Dilma Rousseff que teria sido do período da ditadura, em plena campanha eleitoral de 2014, apoiando o golpe do Estado em vigência desde o impeachment da ex-presidenta.