Meio milhão de mulheres são levadas ao aborto clandestino e estão sob a ameaça da legislação

Uma polêmica envolvendo a paulistana Rebeca Mendes levantou novamente o debate sobre a proibição do aborto no Brasil, onde anualmente mais de meio milhão de mulheres fazem a interrupção da gravidez de forma clandestina. Rebeca se viu obrigada a viajar até a Colômbia para realizar o procedimento de maneira legalizada.

Atualmente a legislação sobre aborto no País permite a prática apenas em casos de estupro, risco de morte para a mãe e anencefalia.

Mãe de dois filhos, solteira e com 31 anos, Rebeca descobriu nova gravidez em novembro e logo em seguida decidiu entrar com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para abortar, porém o pedido não foi analisado.

O caso fez com que o PSOL e o instituto de bioética ANIS entrassem com uma ação no STF, que por sua vez convocou um debate com especialistas e organizações sobre a descriminalização da prática até 12 semanas de vida do feto.

Todo ano aproximadamente 503 mil mulheres entre os 18 e os 40 anos realizam o procedimento abortivo de maneira clandestina no País. Trata-se de mais uma opressão da sociedade capitalista sobre as mulheres, que não dispõem sequer do direito ao próprio corpo. A ilegalidade da interrupção da gravidez segundo a legislação brasileira leva a que um número altíssimo de mulheres, difícil de precisar, acabe morrendo durante o procedimento devido as péssimas condições a que são submetidas. A legalização do aborto se mostra uma pauta urgente para interromper a verdadeira epidemia de mortes de mulheres em clínicas clandestinas.