Financial Times diz que melhor coisa para Ciro seria ver Lula preso

O site de notícias InfoMoney, reproduziu trechos de uma artigo publicado no jornal britânico Financial Times, no dia 10/01/2018, analisando a crise política brasileira, a corrupção, a descrença da população com relação aos políticos tradicionais, a questão fundamental do fator Lula nas eleições e possíveis candidaturas à direita que possam se firmar e vir a polarizar com a eventual candidatura do petista, como a de Jair Bolsonaro e a do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa.

Como é característico da imprensa burguesa, os problemas são sempre abordados de um ponto de vista superficial. No caso do Brasil, existe um “clamor” popular contra a corrupção. Toda a questão se resumiria a uma “crise de representatividade” da classe política, desencadeada por um movimento moral e ético de combate às práticas cotidianas de corrupção.

Em certo sentido, não poderia ser muito diferente esses métodos de propaganda da imprensa burguesa. Caso não fossem assim, desnudariam todo o maquiavelismo da política do imperialismo, os seus golpes, as suas artimanhas na busca por controlar política e ideologicamente várias segmentos da população de um país, em particular, setores da classe média.

Mas o artigo teve um outro aspecto, e esse até cômico, em apresentar por um outro viés uma das “alternativas” da esquerda diante da possiblidade muito provável da cassação de Lula. Trata-se da busca desenfreada de Ciro Gomes, um político nascido no interior das oligarquias nordestinas, que se travesitiu em algum momento de sua trajetória como um político de “esquerda” ou “centro-esquerda” , mesmo sem nunca ter feito nada que o qualificasse enquanto tal, muito ao contrário.

“Um candidato está ‘lambendo os beiços’ com a possibilidade de Lula não concorrer à presidência”, asssim se referiu o Finacial Times, sobre Ciro, para completar com uma declaração do próprio candidato a respeito do assunto: “Se não tiver Lula, eu me tornarei o favorito [entre a esquerda]. Então vou bater o resto [dos candidatos] e vou passar [para o segundo turno]”.

Tem setores da esquerda como o PSTU e o PSOL que por um determinado momento achavam que a destruição de Lula e do PT abriria o caminho para uma caudalosa via láctea para suas políticas. Esses eram bobinhos. Embora não tão novos, estavam mais para marinheiros de primeira viagem.

Esse não é o caso de Ciro Gomes, um político burguês , ligado ao clã dos jereissatis, partícipe da ala mais pró-imperialista do PSDB. Ciro trabalha com a possibilidade de ser o candidato de uma “união nacional”, quem sabe contra um direitista tipo Bolsonaro.

A verdade é que Ciro Gomes se coloca no papel de virar a página do golpe, aplicar a política do imperialismo com o disfarce esquerdista. Aliás, é possível afirmar que temos até esquerdistas defendendo uma saída de consenso em oposição à radicalização que representará uma candidatura Lula. Essa é uma possibilidade apresentada pelo próprio golpe de Estado.