Justiça golpista: enquanto índios são presos por cortar bambu, mineradoras seguem contaminando a população

No dia 14 de março, cinco indígenas Guarani foram presos pela Polícia Ambiental do Paraná acusados de prática de danificar vegetação nativa em um refúgio biológico de preservação ambiental da Itaipu Binacional, no município de Santa Helena, Oeste do Paraná. O crime dos cinco indígenas foi de cortar UMA, isso mesmo, UMA taquara para fazer artesanato para vender e sobreviverem diante da falta de terra.

Outro absurdo é que foi estabelecida uma fiança de mil reais por pessoa para obterem a liberdade provisória, mas os indígenas não têm como pagar e continuam presos. Dentre os presos está Cláudio Vogado, cacique da comunidade Guarani.

Os indígenas ainda foram agredidos e insultados pelos policiais pelo fato de serem indígenas e lutarem há mais de 35 anos pela retomada de suas terras.

Há 32  aldeias na região que sofreram com os latifundiários e a política do governo que expulsou de suas terras para grilagem e alagamento da represa de Itaipú.

O fato das prisões é um grande absurdo, mas é potencializado quando vemos que a justiça golpista e os órgãos do Estado responsáveis pela repressão protegem quem realmente destrói os recursos naturais e contamina os trabalhadores e a população local.

Exemplos recentes podem ser vistos nos maiores desastres ambientais da história do país realizado pela mineradora canadense Samarco/Vale que destruiu um dos principais rios do país, o Rio Doce. E também, mais recentemente pela mineradora norueguesa Norsk Hydro que despejava de maneira criminosa rejeitos da mineração dos igarapés da cidade de Barcarena, no Pará, e contaminou milhares de pessoas.

Essas duas mineradoras não foram punidas, tiveram suas multas revogadas e continuam contaminando os rios da região, apesar dos protestos e das denúncias. Enquanto quem retira alguns exemplares da natureza para sobreviver e não ver suas famílias morrerem de fome é tratado como criminoso e recebe penas “exemplares”, quem realmente destrói os recursos naturais, contamina o ambiente e as pessoas saem ilesos e tem proteção da justiça.

Esse é um bom exemplo para que serve os órgãos de repressão e fiscalização, e principalmente, o judiciário golpista, que protege as grandes empresas imperialistas, enquanto para a população pobre e comunidades indígenas e tradicionais resta repressão e violência.