Intervenção conta com mais seis blindados: a matança vai aumentar no Rio de Janeiro

Quando a intervenção militar se instalou no Rio de Janeiro, muitos “analistas” de plantão se apressaram em afirmar que se tratava de uma pirotecnia eleitoreira de Temer, visando aumentar sua popularidade. Nesse sentido, as Forças Armadas estariam servindo como um instrumento político de um governo altamente impopular. Mesmo sem ser a cidade mais violenta do país, a manobra no estado do Rio serviria de “amostra” do que poderia ser feito no país como um todo, caso o atual presidente viesse a ser ungido nas próximas eleições.

Muita gente adota essa tese até hoje, malgrado sua incoerência fundamental: a ideia de que um presidente golpista, com baixíssima popularidade, pudesse se utilizar das forças armadas como bem lhe aprouvesse, a serviço de sua campanha. Na verdade, é o presidente Temer nesse momento quem está refém das Forças Armadas, cujo controle do espaço urbano está longe de ser apenas preventivo, e já dá mostras explícitas do que veio fazer.

Cadáveres na Rocinha, chacina em Maricá, para não falar do assassinato de Marielle Franco, são apenas alguns exemplos do que tem colhido a intervenção até agora, contrariando a ideia de que ela teria vindo para promover a “paz”. Todos esses são crimes políticos, que a imprensa golpista se esforça em caracterizar como crimes comuns, que reforçariam inclusive a necessidade da intervenção, quando na verdade são produtos dela.

No caso de Marielle, a pressa com que se tentou atribuir a ela, de forma absurda, ligações com o narcotráfico (ela seria ex-mulher de um traficante), é exemplar disso. A vereadora, como se sabe, denunciava abertamente os desmandos da polícia em Acari, bem como a intervenção militar como um todo.

Perceber a intervenção como uma simples “jogada” política é desviar o foco de seu autêntico sentido: substituir um golpe parlamentar em vias de fracassar pela eventualidade de um golpe mais duro ainda, que teria o poder de aprovar as reformas contra o povo já não por intermédio do congresso, pelo viés da política e da negociação, mas na marra, sob as botas de uma ditadura militar.