Manifestações fascistas na Alemanha expressam a decomposição do regime político burguês em toda a Europa

Nos últimos dias, diversas manifestações fascistas tomaram conta da Alemanha. Em Chemnitz, após o assassinato de um alemão por, supostamente, um imigrante (segundo alegações da direita), uma manifestação com milhares de cachorros loucos de extrema-direita ocorreu na cidade. O fascismo alemão retornou com o mesmo discurso utilizado pelos nazistas de “tomar de volta” a Alemanha (Deutschland, em alemão, que significa “terra dos alemães”) a “terra dos alemães”, ou seja, um país onde não exista diversidade cultural e étnica.

A manifestação contra os imigrantes foi combatida, no dia mesmo, por setores anti-fascistas, que estavam em menor número, e por isso acabaram sendo agredidos pelos neonazistas, não conseguindo de fato barrá-los. Entretanto, recentemente, na mesma cidade, ocorreu um evento (um show gratuito) contra o racismo com palavras de ordem como “Fora nazistas”, etc., revelando a mobilização política no sentido de não aceitar os ataques fascistas.

Mesmo assim, o desenvolvimento político dos fascistas, tanto no sentido institucional como no sentido das manifestações públicas, não está sendo contido. Nas ruas alemãs, diversos imigrantes vêm sendo agredidos por partidários do fascismo, abrigos vêm sendo queimados e as manifestações de racismo e xenofobia estão crescendo. Acampamentos de férias, com palestras, organização de material teórico, eventos e assim por diante, têm reunido centenas de fascistas pelo país. O partido da extrema-direita, AfD, tem crescido politicamente, e o governo Merkel, que representa a extrema fragilidade da principal ala do imperialismo, para não cair, teve que fazer aliança com políticos da extrema-direita.

Ou seja, os fascistas já estão se tornando um ponto central da luta política alemã. Mas isso não se trata de uma mera manifestação nacional do país herdeiro do nazismo. Muito pelo contrário, o crescimento do fascismo envolve todo o regime político europeu; na França, na Itália, na Áustria, na Espanha etc. Como analisou Trotski, o crescimento do fascismo é a expressão da decomposição do regime político burguês – do capitalismo em crise.

Portanto, um dos reflexos da gigantesca crise do imperialismo é o desenvolvimento do fascismo, que em última instância é a arma da burguesia para conter o movimento operário. Vale ressaltar o que Trotski dizia para a esquerda nos anos 30, quando o nazismo alemão estava crescendo exponencialmente: para ele, a única forma de derrotar os fascistas era através da força popular, quer dizer, da força resultante da organização dos operários e militantes combativos para enfrentar, de fato, as manifestações de extrema-direita.