Golpe Militar: Exército sabota investigação sobre chacina no Rio de Janeiro

Os golpistas estão em plena atividade repressora no País, sobretudo no Rio de Janeiro, cuja população passa por uma intervenção militar. Dessa forma, todo tipo de ação inconstitucional é feita pelos militares, que já se acharam até no direito, de exigirem que não haja uma “Comissão da Verdade” no futuro. Como toda verdade é revolucionária, e os militares tem medo da verdade, é muito compreensível essa exigência.

A ONG Human Rights Watch (HRW) faz uma denúncia muito grave no que diz respeito à conduta dos militares no Rio de Janeiro. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu ao Comando Militar do Leste, chefiado pelo interventor Walter Braga Netto, para que tivesse acesso ao depoimento de 17 soldados que atuaram no dia de uma chacina realizado no Complexo do Salgueiro. Resultado, até agora o Comando sequer respondeu.

A chacina foi executada no dia 11 de novembro do último ano e o pedido aos militares no dia 28 do mesmo mês. Pelo tempo passado desde a solicitação, quatro meses, a omissão dos militares interventores caracteriza uma obstrução da justiça. “A obstrução das investigações por parte do General Braga Netto mostra a falta de comprometimento real em garantir justiça às vítimas nesse caso e mostra um flagrante desrespeito às autoridades civis”; diz Maria Laura Canineu, diretora do escritório brasileiro da HRW.

Embora já se saiba que muitos soldados disseram que não houve troca de tiros, devido o silêncio do Exército, o MP-RJ tem a liberdade de atuar em outras linhas de investigação. Uma operação realizada pelo Exército no Complexo do Salgueiro, no dia 7 de novembro, desmente toda essa versão e ataca frontalmente todos os princípios humanitários que uma sociedade civilizada deve primar.

Nessa operação, em que foram utilizados 3500 homens do Exército, policiais civis e militares invadiram o Complexo empurrando as pessoas para fugirem pela mata. O Exército esta de “tocaia” na mata, aguardando a população em fuga para realizar sua contumaz carnificina. Como a população ficou sabendo do plano acabou fugindo por outras localidades. Diante do silêncio do Exército em relação à chacina, ocorrida uma semana depois desse plano frustrado, o MP-RJ investiga também por essa possibilidade.

O golpe de Estado, cuja continuidade é a intervenção militar no Rio de Janeiro que segundo Braga Netto é um laboratório para intervenções pelo Brasil todo, está aí para atacar todos os direitos democráticos da sociedade civil. A única força política que pode deter isso é o povo nas ruas, lutando pela anulação do impeachment contra a condenação e prisão de Lula, que são as condições políticas para o avanço do golpe.