Golpe é continental: já começou a perseguição contra Obrador

Andrés Manuel López Obrador acaba de vencer as eleições contra a direita do regime político mexicano e já começou a ser perseguido juridicamente. O presidente eleito do México fundou seu partido, o MORENA (Movimento de Regeneração Nacional), que acaba de ser multado pelo INE (Instituto Nacional Eleitoral) em R$40 milhões. O pretexto para a multa é uma acusação de que o MORENA teria usado um fundo para ajudar as vítimas dos terremotos no México em 2017 para fins eleitorais.

Obrador denunciou o que chamou de uma perseguição jurídica contra seu partido. Ainda não se sabe que tipo de governo ele levará adiante, podendo inclusive deslocar-se muito à direita, a julgar pela campanha eleitoral anti-corrupção e pelas propostas moderadas em relação à economia e à luta contra o imperialismo. Isso, no entanto, não impede que ele seja de fato perseguido desde já, seja para preparar uma movimentação golpista, seja para enquadrar o próximo governo desde já para que se submeta.

A perseguição jurídica a um partido não é nenhuma novidade na América Latina nos últimos anos. Judiciários tomados por elementos da direita coordenados de fora do país foram amplamente utilizados nos golpes de Estado da última década, ao lado da cooptação de parlamentares. Recentemente, a justiça equatoriana inventou um pretexto mirabolante para prender o ex-presidente Rafael Correa, que vive na Bélgica e por isso ainda está livre. Cristina Kirchner é acusada de corrupção na Argentina. No Brasil, Lula é um preso político há mais de 100 dias.

A ofensiva contra o nacionalismo burguês nos países atrasados é uma política do imperialismo para intensificar a exploração desses países. Precisam aumentar a exploração dos trabalhadores e o saque das riquezas locais para fazer os trabalhadores pagarem pela crise do capitalismo. Desde 2008, o capitalismo nunca se recuperou de sua nova etapa de crise, apesar de fazer muita propaganda nesse sentido. Para pagar o preço dessa crise, querem roubar os países atrasados do mundo inteiro, incluindo, é claro, a América Latina. Esse foi o sentido dos golpes em Honduras, no Paraguai, no Equador e no Brasil na última década. Aparentemente, Obrador também já está na mira, mesmo que ainda esteja longe de estar claro se de fato ele representa alguma ameaça para os planos do imperialismo.