General-ministro da Defesa: a necessidade de ocupar Brasília

Michel Temer deu mais um passo, junto a corja de golpistas, para o avanço do golpe militar no Brasil: Joaquim Silva e Luna foi nomeado ministro interino da Defesa.

É a primeira vez, desde a criação da pasta, em 1999, que um militar ocupa este cargo no governo. O general vem da região da mata pernambucana, Barreiros, cidade com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com 42 mil habitantes. Largou a cidade há 50 anos para participar da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) no Rio. Foi chefe Maior do Exército e também comandou a missão militar de instrução no Paraguai e adido para Israel.

O militar está ansioso para dar prosseguimento ao golpe. Afirma problemas na segurança carioca, por exemplo, como razões para sua atuação, com a mentirosa afirmativa de “clamor popular”. Apesar de, falsamente, dizer, por exemplo, que “os militares não são usados politicamente”.

Eles não saíram do quartel para simplesmente ajudar a população. Estão se organizando, sim, para aterrorizar o povo em todos os estados do país. Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro são os ensaios para aplicação da ditadura pelo restante do país. A influência dos militares no processo de golpe e seu aprofundamento é enorme.

O golpista afirma, ainda, que deve haver mudanças nas regras para os confrontos e que a intervenção gerará resultados, ainda que não haja alterações na constituição. O resultado é sabido por todos: um golpe militar com catastróficos efeitos para toda população.

Ao ser questionado sobre sua avaliação com relação à intervenção, Silva e Luna é claro: o governo golpista, intencionalmente, nomeou um militar exatamente no período em que há uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Essa união não é, diferente do que disse, vinda de um clamor popular por medidas de seguranças mais intensas no Rio. É, porém, parte do processo de consolidação do golpe militar no país. Nomear militares para importantes cargos do governo é forma de dá-los, abertamente, carta branca para atacar a população.

Sobre os mandados de busca coletivo: É, em outras palavras, entrar nas comunidades “metendo o pé na porta” de todos. Criminosos e não criminosos. Reprimindo e humilhando, ao extremo, os moradores das periferias. “É muito fácil os criminosos passarem de uma casa para outra, diferente de Copacabana, por exemplo.”, isto é mentira. Não entram em Copacabana porque lá é o reduto da burguesia. O que os militares fazem é servir a burguesia.

Quando questionado sobre sua concordância com a absurda colocação do General Villas Bôas “garantia de agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade”, tentou se esquivar, com “vai da compreensão de cada um”. Mas a compreensão de Silva e Luna é clara. Ele, assim como toda sua corja, concorda com a afirmativa. Villas Bôas foi quem falou aquilo que todos os militares concordam. Verbalizou a necessidade que os fascistas têm de agir sem que haja qualquer vigilância.

É bastante claro, também, quando afirma o desejo de mudanças na constituição. Mudanças, obviamente, em favorecimento daqueles que querem o aval completo para poder torturar a população com aparato legal.

Quando questionado sobre as mudanças que a intervenção militar irá gerar, afirma que a atuação é ampla. Não só deles, mas de todos os setores da Polícia. Ressalta, de maneira subliminar, a necessidade de que se atinjam os objetivos de servir a burguesia.

O “clamor” começa a “surgir” de outros lugares. Brasília, por exemplo, conta com o apoio dos militares, passando a ideia de que segurança pública lá está sucateada. Todavia o interesse é óbvio: com os militares assumindo o controle em Brasília, a consolidação do golpe se dá de forma mais clara. Rapidamente vão começar a acontecer em outros estados.

Militares não temem ser usados politicamente? Essa foi outra questão abordada ao general que negou, afirmando que a prioridade dos militares é a segurança pública. Como se sabe, a segurança pública não está desvinculada da política. Mais do que isso, sabe-se bem que suas atuações transcendem a segurança pública. A ocupação dos cargos no governo é uma demonstração clara. É o golpe militar tomando força.

A imprensa, que se encontra a serviço do imperialismo, falsamente propaga uma aceitação positiva da população a intervenção militar. É mentira. O povo sabe o que está se consolidando e sabe que a intenção dos militares é tornar o pior possível a vida de estudantes, trabalhadores, aposentados, etc. Os militares nunca atenderam e nunca atenderão aos interesses do povo em um sistema capitalista, mas sim os da burguesia.

A importância da mobilização popular e intensificação dos comitês de luta contra o golpe é clara. Não se pode acuar diante a pressão da imprensa. É preciso agir e lutar contra o golpe, contra a intervenção militar e contra a perda dos direitos da população.