Ministro da defesa concorda com Villas Bôas: não tem que ter comissão da verdade

O golpista Michel Temer anunciou no dia 26 de fevereiro que agora pela primeira vez, desde 1999, o Ministério da Defesa será ocupado por um militar, pelo general Joaquim Silva e Luna.

Em uma entrevista concedida ao Correio Braziliense, publicada no dia 04 de março, o general deu várias pistas sobre a movimentação das peças no atual jogo político. Nessa matéria, destacamos o tema da Comissão da Verdade e como as hierarquias estão se dando na prática.

“O senhor concorda com a frase do comandante do Exército, general Villas Bôas, que disse ser preciso dar aos militares a garantia de agir sem risco de surgir uma nova Comissão da Verdade?” É perguntado ao general-ministro da Defesa. Que responde:

“A frase é uma interpretação de cada um, uma percepção própria da realidade. O que eu acho que ele quis dizer é o seguinte: o sujeito, quando estiver exposto, que não tenha um amparo legal, poderá estar sujeito a um processo que vai ficar rodando na vida do militar que participou da intervenção. Acho que foi usada uma metáfora para reforçar uma ideia, de dar segurança jurídica para que se possa trabalhar.”

Desse trecho, importante observar primeiro que Silva e Luna coloca o militar, torturador (principalmente, sendo referência à Comissão da Verdade) como um coitado (“quanto estiver exposto”) que precisa de costas quentes (“amparo legal”). O que complementa esse raciocínio quando diz que “poderá estar sujeito a um processo que vai ficar rodando na vida do militar que participou da intervenção”. Ou seja, mesmo que cheio de dedos, o general-ministro declara que não deve ter Comissão da Verdade. Na mesma linha de pensamento do general Eduardo Villas Bôas.

Outro ponto a analisar é como ele se coloca como alguém que tenta entender o que o general Villas Bôas declarou. Sendo que Silva e Luna, por conta do golpe, agora é Ministro da Defesa. Isto é superior ao general Villas Bôas. “A frase é uma interpretação de cada um”. “O que eu acho que ele quis dizer”. “Acho que foi usada uma metáfora”.

Sendo assim, podemos concluir que, apesar das aparências dos cargos, quem está no comando do avanço a cada dia dos militares são generais como Villas Bôas. Que além da declaração absurda de que não se deve ter Comissão da Verdade; demonstrando que torturas, desaparecimentos e tudo o que se é denunciado em uma Comissão da Verdade é o que nos espera. Esse mesmo general, que seria para alguns incautos, bonzinho, também já declarou com todas as letras: “somos os mesmos de 64”.