Mesmo diante do avanço do estado de exceção no país, que no último domingo, via judiciário, deu uma demonstração cabal de que não tem limites, quando se trata de manter o ex-presidente enjaulado em Curitiba, os “abutres” da candidatura de Lula, fazendo de conta que o país não está sob uma ditadura, continuam a todo vapor promovendo todo tipo de articulação visando garantir um “plano B” para as eleições em substituição ao único candidato que efetivamente representa a luta contra o golpe e a sua derrota.
No dia 9 de julho, ou seja, no dia posterior à quebra de todo o ordenamento jurídico do país, com uma articulação que envolveu os poderes executivo, judiciário e os comandantes militares, o candidato do Psol, Guilherme Boulos, participou de uma “roda de conversas” no Instituto Novos Paradigmas em Porto Alegre, que tem como presidente do conselho, o ex-ministro petista Tarso Genro.
O que poderia se esperar desse encontro? Discutir a organização da luta contra o golpe? A luta pela liberdade de Lula? A candidatura Lula como a única expressão nacional que é um entrave para o golpe? Nada disso. Muitíssimo ao contrário.
Toda a discussão girou justamente em torno do “plano B”. Qual a candidatura que substituirá Lula diante da sua impugnação pela justiça eleitoral.
Além de uma absoluta traição por parte de um dirigente do PT à luta contra o golpe, que entre outros pontos visa distruir a esquerda a começar pelo seu próprio partido, trata-se de uma frente aberta com os golpistas, uma vez que o “Plano B” nada mais significa do que abrir caminho para a consolidação do regime golpista via eleições.
O que finalmente se esconde por trás do “plano B” é a defesa de interesses absolutamente alheios à luta contra o golpe. É a busca de setores da esquerda em se viabilizar eleitoralmente no novo quadro do regime político que o golpe quer impor. É o de garantir o emprego de parlamentares que estão atrás de se reeleger e usar o circo do Congresso Nacional como picadeiro para seus pretensos discursos esquerdistas, ao tempo em que a população brasileira será massacrada pelos planos macabros do imperialismo.
É nessa perspectiva que se colocam as candidaturas “abutres” de Ciro, Manuela e Boulos. Manuela e Boulos sequer tem cacife para sair do “traço” nas pesquisas eleitorais. Suas candidaturas nada mais significam do que promover confusão na esquerda, na tentativa de minar a luta contra o golpe. Com esse propósito, nada melhor do que contar com o apoio de um Tarso Genro, que a essa altura está muito mais para a política da sua filha, Luciana Genro, uma ardorosa defensora da Lava-Jato, do que para a luta em defesa de Lula e do seu próprio Partido. Não foi à toa, que o seu instituto foi batizado com o sugestivo novo “novos paradigmas”. A pergunta que fica é: para quem cara-pálida?