Apoiadores de Ciro querem paralisar a principal frente de luta contra o golpe

A prisão do ex-presidente Lula foi precedida por uma mobilização histórica dos trabalhadores. Em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, milhares de trabalhadores impediram durante horas, na marra, que a Polícia Federal golpista prendesse o maior líder popular do país. Nesse belo exemplo de luta, os trabalhadores deram uma pequena demonstração da forte disposição que há para a luta contra o golpe e o total repúdio a um acordo com os golpistas.

Apesar dos acontecimentos de São Bernardo, alguns setores da esquerda nacional continuaram insistindo em evitar a luta contra e direcionar todas as energias do movimento operário para “virar a página do golpe” – isto é, esquecer que houve um golpe, esquecer que o ex-presidente Lula está preso e encarar as eleições deste ano como se fossem as mais “normais” e democráticas da história. Apostando no nome de Ciro Gomes – o “candidato da esquerda” preferido pela direita golpista, esses setores defendem que os trabalhadores não lutem contra o golpe e se preocupem apenas em eleger o candidato supostamente melhor.

Utilizando o argumento falso de que o fundamental para a esquerda seria discutir um programa de governo e formar uma aliança ampla para as eleições, esses setores da esquerda nacional que defendem a candidatura de Ciro Gomes, em especial o PC do B, estão buscando paralisar a Frente Brasil Popular e acabaram levando ao adiamento do Congresso do Povo, previsto para acontecer em julho e que está sendo adiado para fevereiro de 2019.

Com essa política buscam fazer da FBP não uma frente de luta, de unificação de toda a esquerda no combate ao golpe de estado, mas em um ajuntamento sem conteúdo definido e que debate a situação, discute “alternativas”, apresenta um programa geral e genérico, mas não é capaz de mobilizar efetivamente pelas questões mais centrais e decisivas para os explorados e suas organizações de luta.

A paralisia provocada por setores abutres da esquerda nacional deve ser denunciada e combatida pelos trabalhadores. É necessário responder à paralisia com uma grande mobilização dos trabalhadores contra o golpe – uma mobilização que passa necessariamente pelo fortalecimento dos comitês de luta contra o golpe, pela anulação do impeachment, pela liberdade de Lula etc. e pela construção da Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe.