Frente abutre visa canalizar apoio a Ciro Gomes

Em mais uma tentativa dos partidos abutres em viabilizar a candidatura direitista de Ciro Gomes à presidência da República, foi lançado, na última terça-feira (03/07), por uma suposta frente de esquerda, manifesto pela “Unidade para Reconstruir o Brasil”.

O nome pomposo busca esconder o que realmente é o objetivo central da Frente, que é intensificar a pressão sobre o Partido dos Trabalhadores por uma saída eleitoral com o “Plano B” em substituição a única candidatura, que efetivamente expressa o repúdio de dezenas de milhões de brasileiros ao golpe de Estado em curso no país.

Em primeiro lugar, não se trata de uma frente de esquerda. PDT e PSB não são partidos de esquerda.

O PSB apoiou abertamente o impeachment da presidenta Dilma, com seus deputados e senadores votando por esmagadora maioria pela destituição da presidenta eleita por mais de 54 milhões votos, em um dos processos mais farsescos da história republicana brasileira.

O PDT, por outro lado, se em algum momento se colocou no campo do nacionalismo, há muito isso se perdeu. Basta ver a posição do partido, com 11 dos seus 15 deputados votando favoráveis ao regime de urgência para a PL8939/17, que visa permitir a Petrobrás vender até 70% de suas áreas do pré-sal para as grandes petrolíferas mundiais.

Já o PCdoB e o Psol, são partidos secundários nessa frente. O papel que cumpre é muito mais de propaganda para a imprensa golpista, que se utiliza da participação desses partidos para intensificar a campanha pelo “Plano B” e em troca, como bons abutres que são, talvez saiam do processo eleitoral mantendo seus meros empreguinhos no Parlamento e nos governos estaduais.

Finalmente resta o PT, único partido de esquerda real, nessa frente. Mesmo envolto em muita confusão pela pressão externa e de setores do próprio partido que comungam com o “Plano B”, tem defendido de forma intransigente a candidatura de Lula e denunciado o golpe dentro do golpe, que significará a exclusão do ex-presidente das eleições. A força do PT não está simplesmente na sua superestrutura partidária, mas se expressa nas dezenas de milhares de militantes, na na figura do próprio Lula e nas vinculações reais que tem com o movimento de massas, como a CUT, Sindicatos, MST. É justamente pela sua representatividade, que não passa simplesmente por um fenômeno eleitoral, que não passa de uma quimera reacionária a ideia de que a derrota do PT pelas articulações da direita irá fortalecer a esquerda.

Com certeza não estamos diante de um movimento que visa o enfrentamento com o golpe, mas, muito ao contrário, o “Plano B” com a candidatura de Ciro é uma operação que visa consolidar o golpe pela via eleitoral, como reconheceu o próprio candidato ao declarar que Lula é uma “candidatura que polariza o país”, o que, por oposição, implica que a sua candidatura (de Ciro) é de conciliação nacional. Ou seja, respeitar o regime saído das urnas nos novos marcos ditados pelo golpe.

Ciro, assim como já ocorreu em outras eleições em que foi candidato a presidente, é um mero coadjuvante. O papel que sempre cumpriu foi o de servir como manobra da direita para atacar a candidatura de Lula, seja em 1998 ou 2006. O candidato do PDT é um político burguês, portanto é um zero à esquerda do ponto de vista dos interesses do povo brasileiro.

No marco do golpe de Estado, só há uma frente viável de enfrentamento com o golpe, que se expressa na candidatura de Lula. Eleição sem Lula é fraude! Essa é a resposta de milhares de ativistas da luta contra o golpe, que é o espelho do expressivo número de votos nulos e brancos, quando Lula não aparece como candidato, de acordo com as pesquisas eleitorias.

O povo sabe quem o representa. Lula não é simplesmente uma expressão eleitoral, mas é o maior líder popular da história do país. É por isso que os golpistas querem a todo custo impedir a sua candidatura. É por isso que está preso há quase 90 dias. Qualquer outra candidatura que seja ou queira se apresentar como esquerda não passa de um embuste. É uma farsa que “ao fim e ao cabo” cumpre um único papel: uma frente única com os golpistas contra o povo brasileiro