FAPESP: durante a ditadura, repressão foi usada para perseguir inimigos na luta por verbas na USP

Novos documentos revelados pela Comissão da Verdade da USP (Universidade de São Paulo), responsável por investigar as ações da ditadura militar na instituição, mostram que professores e alunos da universidade foram investigados e perseguidos, inclusive com a ajuda do Serviço Nacional da Informações (SNI), o órgão estatal de espionagem da época. Os alvos eram denunciados por membros da própria instituição, e até por integrantes da reitoria, por terem uma posição contrária à ditadura.

Havia até mesmo um órgão da reitoria, criado nos anos 70 e chamado de Assessoria Especial de Segurança e Informações (AESI), montado pelo reitor Miguel Reale, no qual era feita a “triagem ideológica” de alunos, professores e funcionários. Os nomes de elementos “subversivos” eram caguetados para os órgãos do Exército e para o SNI.

A Fapesp também foi alvo dessa mesma investida, que procurava aplicar um “filtro ideológico” nas instituições de ensino, barrando completamente qualquer coisa que sequer fizesse menção ao marxismo. O mais escandaloso é que, em alguns casos, o próprio SNI barrou a perseguição de elementos denunciados, acusando que a perseguição estaria se dando por motivos políticos e pessoais, em disputas por verbas dentro das instituições.

A Comissão ainda recuperou documentos que haviam sido queimados pelo regime militar em 1982, que revelam que dos 434 mortos pela ditadura, 47 tinham relação com a universidades, sendo 39 alunos, seis professores e dois funcionários.