Facebook deve censurar a extrema-direita contra o “discurso de ódio”?

Na mesma onda das fake news [notícias falsas], voltou à tona recentemente o debate sobre a censura do chamado “discurso de ódio” nas redes sociais. Pródiga em adotar as táticas da direita, a esquerda pequeno-burguesa internacional vem engrossando o clamor pela censura aos perfis de extrema-direita.

O inglês Michael Segalov, por exemplo, publicou um artigo no The Guardian afirmando que “nenhuma liberdade civil está sendo violada com a exclusão da Infoguerra da extrema-direita”. Segundo o cronista, “plataformas como a Apple ou o Facebook não estão praticando censura: estão decidindo não lucrar com o ódio”.

Como de hábito nas práticas de perseguição, repressão e censura, inicia-se a campanha de maneira pontual por elementos cuja repressão seria, por assim dizer, mais “consensual”. É o caso dos neonazistas e fascistas, vistos como párias pela maior parte da sociedade. Os alvos futuros preferenciais serão porém a esquerda e os movimentos populares.

Não é de se estranhar que o fascismo prolifere na internet e nas redes sociais. Em cada época, os grupos políticos usam os meios à sua disposição para expressar-se. Deve-se dar combate a essas manifestações, denunciando, refutando, criticando, numa disputa política como outra qualquer onde não cabe qualquer censura.

Veja-se um meio completamente controlado, como os sites de notícias da imprensa golpista. Eles completamente dominados por “comentaristas” profissionais – cada um com milhares de mensagens repetitivas de virulentos ataques à esquerda em seu currículo. Essas pessoas criam a atmosfera de aceitação social da brutal opressão dos grupos tradicionalmente perseguidos pela direita: os negros, as mulheres, os homossexuais, os muçulmanos, a classe trabalhadora em geral e as lideranças e organizações de esquerda.

A predominância da direita nesse meio dá a medida do nível de censura que ocorre quando as grandes corporações têm o poder legal de suprimir comentários e perfis que julgam inapropriados a seus objetivos. É um prenúncio do que ocorrerá com as redes sociais, caso se alastre a prática de censura e supressão de pessoas acusadas de “discurso de ódio”. Prevalecerá um só tipo de ódio: o da direita.

Como já observado, as práticas de perseguição iniciam-se por alvos mais fracos e consensuais, mas num segundo momento alvo preferencial da censura serão justamente os setores tradicionalmente oprimidos: a esquerda e os movimentos populares. Foi assim na Lei da Ficha Limpa, foi assim na Operação Lava-jato, e será assim com a censura na internet. Afinal, são corporações imperialistas as donas das redes sociais, e elas contratam outras empresas de mesmo calibre como prestadores de serviços de checagem de fatos – como a Poynter financiada por George Soros, Bill Gates et caterva.

Deve-se combater toda forma de censura. As redes sociais e a internet, outrora relativamente livres, estão sendo progressivamente tomados pelos grandes monopólios de informação globais, que arrogam-se a prerrogativa de atestar o que é verdade, quem deve dizer o que e quando. O “combate às fake news e a censura do “discurso de ódio” também são parte desse processo.

Alerta-se ultimamente para a tomada das redes sociais por robôs – perfis falsos automáticos destinados a multiplicar as postagens. Com o advento da censura, não restará ao indivíduo nada mais que tornar-se ele mesmo um robô, consumindo e produzindo informação autorizada pelo grande capital.