Esquerda suicida: Boulos corre para o TSE pedindo censura a YouTuber

Não é raro que setores da esquerda recorram a expedientes direitistas como forma de luta política, fazendo retornar pela janela aquilo que pretendem expulsar pela porta.

É notadamente o caso dos “crimes de linguagem”, quando se reivindica severa punição para os fofoqueiros virtuais, produtores de fakenews, que mentem ou escrevem impropriedades na internet.

O candidato a presidente do PSOL, Guilherme Boulos, que pretende se posicionar à esquerda de Lula e do PT, recorreu ao mesmo TSE que está perseguindo a esquerda para processar o youtuber Diego Rox. Em seu comentário sobre o debate do dia 17 na Rede TV, Diego afirmara  que Boulos “é um terrorista que invade terra de gente honesta e trava BR queimando pneus”, tendo acrescentado ainda que o presidenciável do PSOL, “apoia um ditador genocida como Nicolás Maduro na Venezuela”.

Diante do disparate proferido acerca de sua pessoa, Boulos resolveu contestar, e entrar na justiça eleitoral. Segundo o seu advogado, André Maimoni, a página do youtuber deverá ser retirado do ar em até 48 horas, juntamente com o vídeo postado no Facebook, conforme decisão proferida nesta quarta-feira (22).

Ainda que Boulos tenha sofrido uma calúnia, o simples fato de se dirigir ao TSE reivindicando justiça fortalece a autoridade de um órgão notavelmente antidemocrático. Para comprová-lo, basta examinar as leis eleitorais, que dificultam enormemente as campanhas eleitorais populares, prejudicando sobretudo os partidos menores e de esquerda.

Ou seja: se reivindicações como a de Boulos podem ter algum efeito eleitoral imediato ao vitimizá-lo, elas confundem em última instância o cidadão comum, levando-o a crer que experimentamos no Brasil um efetivo estado de direito, quando isso não é verdade. Trata-se, portanto, de uma armadilha ficar incentivando a censura da parte de regime de justiça eleitoral, já que cedo ou tarde, de uma forma ou de outra, essa mesma justiça injusta se voltará contra a esquerda, com toda a legitimação e autoridade oferecidas por um dirigente suposto “libertário”.