Eleições na Itália: sem governo à vista, caminho aberto para os herdeiros de Mussolini

No último domingo (4), os italianos foram às urnas. Apurados os resultados, ficou explícito o tamanho da crise que o país vive. Os ex-primeiros ministros Silvio Berlusconi, do direitista Força Itália, e Matteo Renzi, do Partido Democrático, foram os principais perdedores do pleito, enquanto o partido Movimento 5 Estrelas, que tem uma posição extremamente confusa e “anti-política”, foi o principal vencedor.

Nas eleições, tanto da Câmara quanto do Senado, nenhuma coalizão conseguiu maioria. Ou seja, é preciso fazer um acordo para governar, senão serão chamadas novas eleições. Nesse processo, os partidos de extrema-direita ganharam terreno, com políticos abertamente fascistas tendo votações expressivas.

Neste cenário confuso existem duas possibilidades. Ou o Movimento 5 Estrelas fecha um acordo com a esquerda democrática de Renzi, ou chega a um entendimento com a direita de Berlusconi. Nos dois casos, o resultado será de crise total.

O certo é que, com acordo ou sem acordo, a extrema-direita irá crescer, em oposição ao governo. O motivo é muito simples: a política neoliberal que reina suprema na União Europeia, e devastou vários países, mas principalmente a Itália, desmoralizou completamente o pacto político que vigorou na região desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Com isso, todos os representantes políticos do regime que já está aí, não têm mais chances de governar. Aproveitando-se desse descontentamento, e com um discurso contra imigrantes, dentre outras burrices direitistas, os partidos de extrema-direita se apropriam do voto dos trabalhadores, oferecendo uma falsa perspectiva.