Eleição na Cassi 2018: manter os direitos conquistados pelos bancários

Está marcado entre os dias 16 e 28 de março a eleição na Cassi (Caixa de Assistências dos Funcionários do Banco do Brasil) que elege representantes aos cargos de Diretor de Saúde e Rede de Atendimento, Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal.

A eleição acontece em meio aos ataques do governo golpista, através de seus prepostos nos bancos estatais, aos planos de saúde das empresas. Recentemente o Ministério do Planejamento editou resolução CGPAR (Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União) nº 23 que visa liquidar com os planos de saúde das empresas estatais, dentre eles a Cassi. O que verdadeiramente está por trás dessa resolução é satisfazer os interesses dos banqueiros nacionais e internacionais, os grandes financiadores do golpe de Estado no país.

Dentre outras medidas, a resolução visa enfraquecer a participação dos trabalhadores na gestão dos planos de saúde para que os capitalistas tenham o total controle sob os planos construídos pelos trabalhadores; igualar a contribuição dos participantes à da patrocinadora; o banco deixa de custear o plano dos aposentados, ou seja, passariam a pagar um plano do mercado; desconto de acordo com a faixa etária, etc.  Estão de olho no patrimônio construídos pelos funcionários do Banco do Brasil com receita anual de mais de R$ 3 bi com mais de 1 milhão de participantes. Todo mundo sabe que a resolução dos golpistas, assim como foi com a “reforma” trabalhista, lei da terceirização, entrega do pré-sal, PEC do fim do mundo, etc. é favorecer meia dúzia de parasitas capitalistas em crise. É nesse cenário que acontece a eleição na Cassi.

Quatro chapas disputam a eleição:

Chapa 4, “Mais união”, é composta por funcionários aposentados, todos sem exceção exerceram cargos de chefia, ou seja, uma chapa patronal. Se dizem “idenpendentes”, mas na verdade o que está por trás dessa independência é a completa subserviência à diretoria do banco. É uma chapa com propostas totalmente antagônicas aos interesses dos trabalhadores, é a mesma política defendida pelo governo golpista de Michel Temer de que os representantes nas organizações dos trabalhadores devem ter um perfil técnico voltado para o mercado, diga-se, entregar o controle da Cassi nas mãos dos banqueiros privados.

Chapa 3, “Você na Cassi”, é apoiada nada menos do que Cecília Garcez, notória colaboradora do direitista deputado Augusto de Carvalho ex PPS e atualmente no Solidariedade; também de um dos pivô do golpe, Paulinho da Força, colaborador do golpista Michel Temer aprovando todas as “reformas” do governo no reacionário Congresso Nacional contra os trabalhadores. Além de Garcez a chapa conta com o apoio de Valmir Camilo (PPS), representante da direita, ex-presidente da ANABB, réu em um processo acusado de utilizar o dinheiro dos associados para beneficiar a sua empresa, Just Life Corretora e Administradora de Seguros. Com o discurso direitista, de total independência a partidos políticos é falso, puro oportunismo de direita (todo mundo sabe que a direita tem os seus partidos, que neste caso estão agrupados na chapa 3, PSDB, PPS, DEM, Solidariedade etc.). Se trata de uma tentativa de expulsar os partidos de esquerda, ou seja, dos trabalhadores das suas organizações.

Chapa 2 “Vem pra lula, a Cassi é nossa”, é composta pelo PSTU, setores do PSOL, apesar do discurso de “esquerda” tem como aliados a Central Sindical Patronal, Força Sindical. No ano passado esses “esquerdistas” tiveram esses aliados na eleição para o Sindicato dos Professores de São Paulo realizando a convenção da formação da chapa na sede de um dos principais sindicatos da Força Sindical, dos Eletricitários de São Paulo e postaram fotos na internet ao lado da bandeira da “central” comandada pelo deputado golpista, “Paulinho da Força”. É necessário ter bem claro que esses setores levam uma política direitista com verniz de esquerda. No curso da atual etapa política o PSTU e parte do PSOL , apoiaram e apoiam o eixo principal do golpe: impeachment da presidenta Dilma, a perseguição e todas as arbitrariedades contra o ex-presidente Lula e o PT. Inclusive o PSTU chega ao ponto de defender abertamente a prisão de Lula e o PSOL a tietar o Mussolini de Maringá, Juiz Sergio Moro.

É necessário tecer uma breve consideração sobre esses setores que compõe a chapa 2. Esse movimento nunca teve maior expressão no interior da categoria bancária. Na realidade trata-se de um agrupamento absolutamente eleitoreiro, aparecendo para a categoria somente nos períodos eleitorais ou fazendo demagogia nas assembleias nas campanhas salariais.

Chapa 1, “Em defesa da Cassi”, é apoiada pelos setores mais combativos dos trabalhadores representada pela única Central Sindical, que nasceu das verdadeiras lutas do movimento operária no final da década de 1970, Central Única dos Trabalhadores (CUT). Essa chapa, dirigida majoritariamente pelo Partido dos Trabalhadores (PT) tem suas limitações, principalmente em relação a não travar, na categoria bancária, uma campanha aberta contra o golpe; de apontar claramente que o objetivo dos golpistas, para a Cassi é consequência direta do golpe de destruir os planos de saúde das empresas estatais para beneficiar os banqueiros nacionais e internacionais. Mesmo com essas limitações, essa chapa expressa a luta mais geral travada pela CUT, ponta de lança na atual conjuntura política, na luta contra o governo golpista de Michel Temer, que tem neste momento, e desde antes da queda do governo Dilma Rousseff, no processo farsa e comprado do impeachment aprovado no reacionários Congresso Nacional, um posicionamento a favor da luta contra o golpe, e é alvo sistemático da direita golpista de ataques às organizações dos trabalhadores, como foi o caso, por exemplo, da invasão da Polícia Militar fascista na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo na greve geral do ano passado, em  uma ação covarde e truculenta intimidando os funcionários e outros sob cínico argumento de defesa do “patrimônio público. Uma mostra que a direita fascista está a todo vapor contra os trabalhadores e suas organizações de esquerda que lutam contra o golpe.

Os trabalhadores estão diante de um momento decisivo e, diante disso, é necessário lutar para derrotar os planos dos golpistas de liquidação do plano de saúde construído pelos trabalhadores, que vem sendo atacado sistematicamente pela política de rapina da direção do banco. Somente a luta contra a direção do banco é que irá manter a Cassi. Foi a iniciativa e a luta dos trabalhadores do BB que conquistou a Caixa de Assistência e todos os seus direitos e será com a mobilização que esses direitos serão garantidos.