Desembargador manda policia expulsar mais de 400 famílias em benefício de grileiros no Amazonas

Os municípios de Manacapuru, Novo Airão e Iranduba, no estado do Amazonas, foram palco de mais uma arbitrariedade da justiça e das forças policiais. Cerca de 405 famílias de posseiros de 14 comunidades sofreram um despejo violento no mês de janeiro, executado pela policia militar e civil em um período extremamente problemático na região, pois devido as chuvas diárias as estradas ficam intransitáveis e sem um local adequado para as famílias se abrigarem.

A ordem judicial de despejo nestas condições desumanas foi expedida pelo desembargador Ari Moutinho, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), em beneficio da empresa Agropecuária Exata, responsável pela grilagem das terras pertencentes aos posseiros.

O desembargador não levou em consideração que a maioria dessas áreas ocupadas há décadas pelos posseiros é da União, do Estado do Amazonas, ou integram a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Rio Negro, ou seja, não legalidade nenhuma em expulsar violentamente e sem nenhum aviso as famílias dessas terras, nas condições precárias acima colocadas.

A cena foi de uma barbárie onde os posseiros tiveram suas casas destruídas por tratores, criações foram mortas, plantios destruídos, e ainda contaram com a violência e tortura dos policias no local, onde trabalhadores em desespero foram presos e ficaram dentro de viaturas durante horas no calor do Amazonas, e diversas ameaças.

Fica claro o papel de cão de guarda dos latifundiários, grileiros e dos desembargadores das forças policiais e, também, das arbitrariedades cada vez mais comuns do judiciário após o golpe de estado.

Essas instituições representam o que há de mais retrógado e contra os princípios democráticos no país e devem ser duramente combatidos, juntamente com o golpe de Estado, para que se reverta essa situação de ofensiva dos latifundiários e judiciário contra os trabalhadores.