Colunistas da COTV: “General Etchegoyen: o golpismo está no sangue ” por Natália Pimenta

Veja a seguir a coluna da companheira Natália Pimenta, membro da direção do Partido da Causa Operária. Ela irá comentar sobre o general golpista Etchegoyen que é uma das principais figuras da preparação do golpe militar e da intervenção militar no Rio de Janeiro, e de sua tradição familiar onde tanto o seu avô e como seu pai foram partes ativas de vários golpes de estado na história do Brasil.

“Boa tarde. Sou Natália Pimenta e este é o programa de colunistas da Causa Operária TV. Hoje, eu vou comentar um pouco sobre o general Sérgio Etchegoyen que se destacou como uma das principais figuras na preparação do golpe militar, principalmente agora com a intervenção militar no Rio de Janeiro. Sérgio Etchegoyen é o verdadeiro arquiteto do golpe, é quem está por trás de toda movimentação dos militares para um eventual golpe militar.

Ele trabalha no sistema brasileiro de inteligência que é parte da Abin e é chefe do gabinete de segurança institucional do governo, ou seja, ele é uns dos principais dirigentes, chefe das forças de repressão do Brasil. Uns dos principais do exército nessa função.

Nesse sentido, o general Mourão, que venho nos últimos meses dando declarações a favor da intervenção e tudo mais, é um porta-voz da política de toda uma ala direita do exército mas cujo o principal representante é o general Etchegoyen. Nesse sentido, uma declaração do Mourão é muito importante para nós entendermos o que está acontecendo agora no Rio de Janeiro. Uma dessas declarações foi a declaração de que a tática, digamos assim, a estratégia dos militares na questão do golpe é a tática das aproximações sucessivas e é o que nós vemos acontecer nos últimos meses.

Depois de passarem em um ano treinando para exercer de fato um papel de polícia, de repressão às manifestações, de prisões e tudo mais, o exército começou a intervir em diversos estados. A primeira foi a intervenção na cidade de Natal no Rio Grande do Norte e agora a intervenção militar no Rio de Janeiro aonde os militares vão tomar conta de toda a segurança pública e comandar todas as polícias, todo o serviço de repressão de fato.

Nesse sentido é interessante que apesar de muitos colocarem como uma intervenção federal em que o militares seriam apenas um acessório. Na verdade, quem realmente queria a intervenção militar era o general Etchegoyen e foi ele que convenceu o Temer (ou “convenceu”, não sabemos de que maneira) a realizar essa intervenção no Rio e essa intervenção no Rio é um ensaio ou uma preparação, não temos certeza, para uma intervenção geral no país, ou seja, um verdadeiro golpe militar.

O interessante é que o general Etchegoyen tem uma longa tradição familiar em golpes: o seu avô participou da tentativa de derrubada de Washington Luís e em 54 estava entre os militares que queriam a derrubada de Getúlio Vargas que acabou culminando no suícidio do mesmo e a derrota dos planos golpistas; mas, o pai de Sérgio Etchegoyen teve participação ativa no golpe de 64 que derrubou João Goulart. Em 65, foi secretário de segurança no Rio Grande do Sul e depois trabalhou diretamente com Médici, o ditador dos anos de chumbo da pior época, a época mais repressiva da ditadura militar e justamente por isso que Etchegoyen é um defensor aberto da ditadura militar; condenou totalmente a Comissão da Verdade e os militares, em razão disso, estão pedindo carta branca, liberdade total para o exército agir no Rio de Janeiro, ou seja, imunidade; nada de Comissão da Verdade depois; “vamos lá, vamos fazer o que a gente quiser e depois que ninguém venha a contestar”. Entre outras palavras, eles são verdadeiros defensores da ditadura.

Para que serviria de fato essa ditadura? Primeiramente, nós temos que entender que uma ditadura, um golpe militar, é uma coisa arquitetada não apenas pelo general Etchegoyen, mas principalmente pelos EUA; algo planejado lá em Washington com as forças repressivas norte-americanas que dominam o mundo todo. Tanto que nós podemos ver que os EUA apoiou ativamente, embora discretamente, a queda da Dilma Rousseff. Podemos ver, por exemplo, que o Moro é festejado pelos Estados Unidos, recentemente, inclusive, em uma festa dada em Nova York financiada por bancos e tudo mais. E isso é evidente porque a queda de Dilma Rousseff tem favorecido grandemente as empresas norte-americanas que querem entrar aqui para roubar o petróleo brasileiro e dominar diversos setores da economia onde hoje eles não têm entrada total que eles gostariam.

Nós vemos também em países em que os estados unidos se opõem ao governo do país, há tentativas contínuas, frequentes de golpe: é o caso da Bolívia onde tentarão dar diversos golpes; e principalmente da Venezuela a que estamos vendo agora, também, mais um ensaio de intervenção militar no país. Então, é evidente que um golpe no Brasil não seria dado com tanta tranquilidade sem o apoio dos americanos.

Qual é o que é o objetivo dos Estados Unidos? Todos nós sabemos da necessidade dos norte-americanos, principalmente com a crise de 2008 e possivelmente uma crise agora em 2018, como nós vimos nesse balançar das bolsas, de implementar uma política neoliberal muito forte. O que significa isso? Liquidação dos direitos trabalhistas como estamos vendo na tentativa de reforma da CLT; fim de todo e qualquer auxílio estatal à população; e privatizações em larga escala.

Nesse sentido, tanto Mourão quanto Etchegoyen já declararam que são totalmente a favor dessa política. O próprio Mourão falou que tem mesmo que privatizar tudo e o Etchegoyen deu uma declaração muito importante falando que a preocupação da soberania nacional é o começo do discurso que levou o nosso déficit de infraestrutura, disse que as privatizações não ameaçam a soberania nacional e que essa coisa de soberania nacional acaba travando os projetos, ou seja, embora haja todo um discurso nacionalista dessa ala direita do exército, isso é fachada e uma fachada bem mal pintada porque eles não defendem nem mesmo palavras da soberania nacional, não defendem que as empresas brasileiras sejam brasileiras, não defendem nem mesmo que a amazônia seja brasileira, ou seja, nós temos uma ala do exército totalmente entreguista, totalmente pró-imperialista e por isso, também, o empenho deles no golpe militar.

Para implementar essa política, é preciso, realmente, uma força que seja imposta pela força, democraticamente. Mesmo com essa democracia capenga que nós temos, a coisa não anda direito. Nós vemos isso na reforma da Previdência que tem uma crise, um impasse total porque nem mesmo os políticos de direita têm segurança de votar pela reforma e ela acabou sendo paralisada. Como sair desse impasse, como implementar essa política? Tem que ser através da força, tem que ser através do golpe e por isso que o general Etchegoyen está destacando tanto. Foi por isso que estão intervindo no Rio de Janeiro como uma forma de preparar uma intervenção geral no país e impor esses planos do imperialismo norte-americano, principalmente. Esses planos são ataques brutais à população, ataques como que nós nunca vimos que vão reduzir o país a uma completa miséria, disso nós não podemos ter nenhuma dúvida e por isso que é tão importante nós lutamos de forma decidida contra isso. Para impor esses planos, ninguém melhor que o general Etchegoyen que já vem de uma longa tradição golpista.”

Esta coluna faz parte do programa da COTV chamado colunistas ao vivo onde todos os dias nossos colunistas cometam os fatos recentes da política.

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