Chapa 2 Renova Andes disputa com chapa da diretoria que negou o golpe e abandonou as reivindicações dos docentes

Após vários pleitos com chapa única, finalmente nas eleições 2018 para a diretoria do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior), vamos ter uma alternativa política, pois o movimento de oposição Renova Andes conseguiu superar as barreiras burocráticas e antidemocráticas do estatuto do sindicato e conseguiu registrar chapa para concorrer nas eleições, que aconteceram em maio próximo.

O cumprimento das exigências estatutárias e regimentais (muito superiores que as existentes em importantes sindicatos cutistas, como a Apeoesp, por exemplo) permitiu a  homologação da chapa 2 que por si só já representa uma importante vitória política daqueles que lutam por uma reorientação política do sindicato. Esse fato significa que o falso consenso imposto pelo grupo majoritário, ligado a CSP, que controla o sindicato há mais de uma década, está desmoronando.

O crescimento do movimento Renova Andes presente em todas as regiões do país e em todos os estados da federação é uma indicação do crescimento da indignação contra os desmandos da atual direção e ao mesmo tempo representa um importante deslocamento politico no interior da categoria, com o desenvolvimento de uma tendência a luta política em defesa da universidade e contra o golpe do estado, superando as amarras impostas pela orientação sectária da diretoria do Andes.

O fator determinante para o descalabro do sindicato nacional, foram as posições ultraesquerdistas  da diretoria do Andes, dominada pela esquerda pequeno burguesa ( PSOL/PSTU/PCB), que  seguindo a orientação da CSP-Conlutas, a “central” do PSTU, impediu que o sindicato nacional participasse enquanto entidade das mobilizações contra o golpe. Mais que isso, a política adotada pela diretoria do Andes significou na prática uma frente única de colaboração de classe com a direita golpista, na medida que estabelecia como inimigo primordial os “ governistas” da esquerda reformista ( PT/Lula), o que levou o Andes a negar o golpe de estado, recusando-se até mesmo a adotar um posicionamento formal contra o impeachment fraudulento.

A chapa 2, Renova Andes  tem como candidata a presidenta a professora Celi Zulke Taffarel (UFBA), é uma chapa formada pelos participantes do Fórum Renova Andes, um movimento independente, democrático e plural, constituído pelos setores que efetivamente lutaram contra o golpe, participando dos comitês de luta contra o golpe, mobilizando contra a prisão de Lula ( foi organizado um abaixo assinado com mais de 500 assinaturas de docentes para o Congresso do Andes) e em defesa da autonomia universitária e liberdade de cátedra  contra os ataques dos golpistas.

Além disso, um fator crucial para o sucesso do movimento Renova Andes é a luta para que o Andes seja um sindicato que represente os docentes, e, portanto, lute pelas suas reivindicações da categoria.

Pode parecer estranho, sendo muito esquisito mesmo, que a presença da pauta docente seja quase uma exclusividade da chapa de oposição, uma vez que a diretoria do Andes, abandonou completamente a pauta docente, transformando o Andes em um puxadinho da CSP/PSTU, impondo o divisionismo e o “ sindicalismo revolucionário” que não leva em consideração as reivindicações sindicais, vistas como “reformistas”. Assim, o Andes é um sindicato que não tem pauta sindical, demostrando um total desprezo por pautas mundanas como salário, condições de trabalho e carreira.

È importante ressaltar que o Fórum Renova Andes não colabora com visão reacionária de “ sindicato sem partido” , mas é um movimento amplo, formado por diferentes articulações, sendo constituída na sua esmagadora maioria por docentes sem vinculação a grupos políticos. O núcleo dos Professores do PCO, Educadores em Luta participa da composição da chapa 2 Renova Andes junto com militantes do PT, PCdoB, Consulta Popular e setores independentes

Por sua vez, chapa 1 da diretoria do Andes, faz uma campanha oportunista de que é “autônoma em relação aos partidos”, uma verdadeira fraude. A nova composição, após a exclusão do PSTU ( diga-se de passagem algo positivo)  foi constituída a partir de acordo, ou melhor conchavo, entre grupos do PSOL (MAIS, APS, entre muitos outros) com a presença de alguns poucos representantes do PCB. Por sinal, para abrir espaço, para os ex- militantes do PSTU agora no PSOL, o grupo majoritário excluiu setores independentes que tinham um capital de luta na categoria ( em especial na UFPR).

A chapa Renova Andes é formada na sua esmagadora maioria por setores independentes que lutam por um sindicato democrático. A chapa 2 Renova Andes é  chapa formada por aqueles que participaram na luta contra o golpe e querem reconstruir o Andes como um sindicato de luta.